

Se o planejamento do Botafogo previa que o time só começaria o ano para valer a partir de abril, a atuação no empate sem gols diante do Palmeiras ontem pode ser considerada não só a estreia no Brasileirão, mas na temporada. E a primeira impressão da equipe comandada por Renato Paiva foi muito boa. No lugar do brilho individual que no ano passado ficou personificado em Almada e Luiz Henrique, o dado promissor é que a estrutura que aparentemente se perdeu nos primeiros meses do ano esteve ali, recuperada e afinada. E que valeu à pena esperar por uma reconstrução após 2024.
— Quando o Renato chegou, ele resgatou a energia de competição que a gente já tinha. Era um jogo muito difícil aqui, sabíamos a dificuldade. Faltou fazer algumas coisas, tivemos chances para fazer gol, agora é concentrar na próxima partida — avaliou o meio-campo Gregore após a partida.
Com novas peças, o Botafogo apresentou um encaixe interessante tanto na fase defensiva quanto ofensiva. E só não saiu com a vitória pois Igor Jesus e Savarino, que tiveram algumas chances, falharam na pontaria. O ponto conquistado fora de casa no duelo entre os últimos dois campeões brasileiros teve, por outro lado, diversos aspectos positivos a se destacar. Mas os destaques indivuais foram os goleiros. Weverton fez pelo menos quatro defesas difíceis, enquanto Jhon salvou chute de Flaco Lopez à queima roupa no fim do jogo.
A estrutura mandada a campo por Renato Paiva tem tudo para se repetir na estreia do Botafogo na Libertadores, quarta-feira, contra a Universidad de Chile, fora de casa. Com a manutenção de Patrick de Paula entre os titulares, o treinador formou uma trinca de meias, em que Gregore ajudava na saída de bola entre os zagueiros e tinha liberdade de pisar na área para finalizar. Patrick e Marlon Freitas deram sustentação para a subida de Vitinho pelo lado direito, o mais forte do Botafogo, apoiado por Artur. Foi por ali que surgiram as principais jogadas em transição. A triangulação que terminou com o toque para trás de Vitinho e a finalização de Igor Jesus foi a mais bonita e perigosa, mas Weverton salvou.
Defensivamente, o Botafogo se armou bem para as investidas de Estevão, principal arma do Palmeiras. Alex Telles ficou mais plantado, teve o reforço de Savarino, e nas roubadas de bola o atacante também puxava o time ao ataque. Além de chegar para finalizar, Igor Jesus também participava da recomposição e fazia a parede para receber e segurar a bola até que o time subisse em velocidade. Foi assim que o Botafogo surpreendeu no fim do primeiro tempo e quase marcou com Savarino. Mais uma vez Weverton atuou.
No segundo tempo, o jogo teve um pouco menos de intensidade, mas o Botafogo sustentou a presença ofensiva e não recuou. O Palmeiras, porém, melhorou e criou algumas chances, normalmente em bolas levantadas na área. Em uma delas, Vitor Roque surgiu livre para cabecear, mas jogou por cima do gol. O Botafogo respondeu na mesma moeda, em cabeçada de Gregore que bateu nas costas de Vitinho. Mesmo pressionado o time conseguia sair desde a defesa para construir as jogadas. Com as duas defesas bem armadas, o jogo aéreo de fato tornou-se a arma mais promissora. E tal qual Roque, Igor Jesus desperdiçou mais uma. No fim do jogo, o Palmeiras tentou uma rara bola longa nas costa da defesa do Botafogo, que falhou e viu Flaco Lopez sair na cara de John. Desta vez, foi o goleiro alvinegro quem fez o milagre. O uruguaio Santi Rodriguez fez sua estreia nos minutos finais, e a equipe perdeu um pouco de consistência defensiva. Além das arrancadas, Artur fez ótimo papel defensivo. Na saída de Patrick de Paula para a entrada de Newtom, o Botafogo também ficou mais lento no combate.
Do lado do Palmeiras, mesmo com o arsenal de reforços que jogou e os que entraram, como Emiliano Martinez e Felipe Anderson, o trabalho de Abel Ferreira segue sendo criticado. Antes da partida, uma organizada do clube fez uma carta de protesto ao técnico. O time ainda aguarda a estreia de Paulinho, que foi contratado do Atlético-MG. Após a perda do título paulista para o Corinthians, a pressão é grande. No Botafogo, que abriu mão do Estadual, o ano enfim começou, e parece que valeu esperar tanto por um técnico.
— Não estou satisfeito com o resultado, mas, de fato, tenho certeza que volta a se confirmar que é um grupo de campeões. Em vários momentos houve demonstrações de talento. Não só talento técnico, mas tático. Voltou o Botafogo que honra os torcedores — afirmou Renato Paiva.
O português explicou a escolha pelo trio de meias em vez de começar com Santi Rodrigues na partida.
— O Santi tem grande talento, grande contratação do scout do Botafogo. Vem de uma liga diferente e precisa de um tempo para adaptar. Vai ganhar isso em competição e treino. Não foi suficiente para dar resposta para um jogo como esse. Mas depois entrou bem. Foi o melhor 11 que encontrei para entrar nesse jogo. Foi o que meu garantias táticas, técnicas e físicas — justificou o treinador, que projetou a estreia na Libertadores empolgado para defender também este título com os novos jogadores.
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