

Se houve uma coincidência na primeira rodada do Brasileiro, esta diz respeito aos resultados dos favoritos ao título. Antes do torneio, Flamengo, Palmeiras, Botafogo, Internacional e Atlético-MG receberam os melhores prognósticos, e obviamente um jogo é muito pouco para abalar a visão sobre estes clubes. O fato é que nenhum deles venceu.
Mais significativo do que este dado é que o fim de semana trouxe dois confrontos entre tais favoritos, e ambos foram ótimas partidas, disputadas em ritmo alto e busca pelo gol —talvez o Internacional tenha sido um pouco mais conservador no 1 a 1 com o Flamengo. É bom sinal.
O outro choque entre favoritos deixou o torcedor alvinegro com uma mistura de sensações que só a sequência do campeonato poderá desfazer. Claro que é cruel comparar o status de alguns jogadores que permaneceram ou chegaram ao elenco com os de Almada, Luiz Henrique ou Júnior Santos, marcantes e decisivos em campanhas históricas. Mas foi natural pensar neles no 0 a 0 com o Palmeiras.
O jogo deixou a sensação de que a superioridade do Botafogo teria resultado em vitória caso seus homens mais decisivos da última temporada estivessem no campo — no caso de ontem (30/03), especialmente Luiz Henrique e Júnior Santos, que habitualmente se viam mais vezes diante do gol rival. Por quase 80% do jogo, o Botafogo foi melhor em um dos campos mais difíceis de se jogar no país, mais ainda quando este campo tem a cortiça dividindo o protagonismo com a grama artificial.
Mas também é possível enxergar de maneira mais positiva a forma como o Botafogo se comportou ontem. Porque o início de ano alvinegro, com reforços chegando a conta-gotas, perdas importantes e a demora na contratação do treinador, transformara o 2025 numa incógnita. E a estreia de Renato Paiva num jogo oficial exibiu um time defensivamente muito seguro, a começar pelo impressionante desempenho de Gregore, cobrindo companheiros ou entrando na área para ser mais um zagueiro quando o Palmeiras ameaçasse cruzar.
Quando recuperava a bola, havia soluções a partir dos primeiros passes de Gregore ou dos zagueiros, Marlon Freitas iniciando a ligação e, a partir daí, o papel de Igor Jesus como pivô ou de Artur para acelerar. Quando esteve pela direita, ele fez ótimas combinações com Vitinho, outro ótimo nome do jogo. Se a carreira de Renato Paiva indicava um modo de jogar muito diferente do Botafogo de 2024, a estreia não mostrou tantos jogadores desconfortáveis, em especial numa partida em que a ideia passava por retomar bola a buscar ataques rápidos.
Claro que uma primeira rodada costuma trazer mais perguntas do que respostas. Uma das questões será o quanto o elenco atual será capaz de substituir o papel decisivo dos jogadores que saíram. Outra, inevitavelmente passará pelo desempenho físico do Botafogo. Porque a forma como a temporada foi planejada por John Textor coloca tal tema em evidência. É evidente que nem tudo foi planejado, da queda no Carioca à demora para trazer um técnico. O fato é que, ao menos no primeiro jogo, o Botafogo exibia um certo frescor. Dos 10 homens de linha, nenhum tinha ficado mais do que 45 minutos em campo, neste 2025, em mais de sete jogos oficiais. A maioria oscilava entre cinco e seis partidas. Seja por planejar bem ou por iniciar o ano mal, o fato é que o Botafogo pode, outra vez, se beneficiar de ter mais pulmão num ano muito exigente.
Em um ponto, Textor tem razão: é quase impossível jogar em intensidade máxima uma temporada de 11 meses, num 2025 que só vai acabar em 21 de dezembro. Os três primeiros meses exigiram menos do Botafogo. Se isso será decisivo nas competições mais nobres do ano, só o tempo será capaz de responder.
ARMA CONHECIDA
É fato que o Vasco melhorou no segundo tempo a execução de uma ideia que pode render frutos: os três meias se juntando, dando corredores aos laterais e invertendo o lado das jogadas. Mas é impossível não notar como Vegetti é influente. Na virada sobre o Santos, deu o passe de cabeça para o bom Nuno Moreira empatar e aproveitou o ótimo cruzamento de Payet. Antes, obrigara Brazão a um milagre.
OITO SEGUNDOS
Em Porto Alegre, Tiago Volpi ignorou, com a conivência do árbitro, a norma que limita em oito segundos o tempo de bola na mão do goleiro. No Maracanã, Anthoni ultrapassou os 15 segundos quando o Internacional quis defender o empate. Em São Paulo, Ramon Abatti abriu contagem para John repor a bola, mas o goleiro já ficara 10 segundos com ela. Não foi boa a mensagem que o Brasileiro passou na primeira rodada da nova regra.
Olhando de fora, é difícil medir quando o ambiente no vestiário se torna incontornável. Se não ocorreu algo gravíssimo na intimidade do elenco em Fortaleza, é difícil entender a queda de Mano Menezes na primeira rodada do Brasileiro. O clube renovou com ele em dezembro, entregou a Mano pré-temporada, o Carioca e as duas semanas de treino para estrear no Brasileiro. Mas todo isso será jogado fora e o Fluminense recomeçará em abril.
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