

Em um canto da Bolívia, a 2.600 metros acima do nível do mar, o San Antonio Bulo Bulo está escrevendo uma das histórias mais surpreendentes do futebol sul-americano. Com um orçamento anual de cerca de US$ 70 mil (cerca de R$ 400 mil), este clube nascido na pequena cidade de Entre Ríos, localizada na província de Carrasco, no departamento de Cochabamba, não só chegou à primeira categoria boliviana há pouco mais de dois anos, como também conseguiu o impensável: classificar-se para a Copa Libertadores de 2025. Às 19h desta quarta-feira, enfrentam o Olímpia, do Paraguai, em sua estreia pelo torneio.
A ascensão meteórica à elite do futebol nacional é reflexo do esforço colaborativo, do empenho e de muita fé nos sonhos de um grupo de jogadores que desafiou as expectativas. Fundado em 31 de outubro de 1962, o San Antonio Bulo Bulo nasceu como um clube humilde. Com uma população de pouco menos de 8.000 habitantes e um estádio para 17.000 espectadores, Entre Ríos é uma pequena cidade repleta de paixão pelo futebol.
A equipe começou nas categorias inferiores, mas sua natureza competitiva logo surpreendeu a muitos. Em 2022, o clube alcançou a glória ao vencer a Copa Simón Bolívar, o que lhe permitiu ser promovido à primeira divisão da Bolívia. Mas ele não estava satisfeito. Em seu primeiro ano na elite, 2023, ele foi uma revelação, permanecendo entre os primeiros colocados da tabela e conquistando classificação histórica para o mais importante torneio de clubes do subcontinente. Com uma particularidade: foi o primeiro a entrar na competição deste ano.
Time de guerreiros, com dois argentinos
O time de Cochabamba não conta com grandes nomes internacionais ou figuras da mídia. Mas tem algo muito mais valioso: um grupo de futebolistas comprometidos, com uma identidade de luta e sacrifício.
Sob o comando de Joaquín Monasterio (ex-atacante do Blooming), ele desenvolveu um estilo de jogo sólido, no qual a força coletiva e a disciplina tática se tornaram suas principais armas. Os dois pilares do crescimento foram a defesa e o jogo em equipe, que prevaleceram sobre a individualidade. À medida que o campeonato avançava, o clube ganhava respeito. E o acesso à Copa Libertadores, um sonho distante para muitos, se tornou realidade para um povo.
Agora, San Antonio Bulo Bulo enfrenta o maior desafio de sua curta história. A competição internacional representa um salto exponencial para um clube que não tem a história e os recursos dos grandes da Bolívia, mas a esperança está lá. A equipe viajará pela América do Sul para enfrentar rivais com históricos de ouro nesta competição. Faz parte do Grupo H junto com três instituições que sabem o quanto pesa a Copa Libertadores: Olimpia, Peñarol e Vélez.
Contra a seleção paraguaia, a equipe estreia nesta quarta-feira, às 19h. Devido à capacidade limitada do seu estádio, teve que se mudar para o estádio Félix Capriles, onde milhares de torcedores presenciarão este primeiro capítulo internacional da instituição.
Há dois argentinos em suas fileiras. O mais conhecido é Rodrigo Saracho , que jogou nas divisões inferiores do San Lorenzo entre 2008 e 2014 e depois jogou pelo Olimpo, Estudiantes (Caseros), Quilmes, Barracas Central, Ferro e Riestra antes de fazer as malas para o Cochabamba. Aos 31 anos, o portenho é presença constante no gol do Bulo Bulo.
O outro é Braian Salvareschi. Zagueiro de 25 anos, chegou ao Bulo Bulo no início de 2025. Jogou no time reserva do River Plate entre 2017 e 2019, mas sua estreia na primeira divisão aconteceu no Sarmiento, na Primera Nacional de 2019. Salvareschi foi peça-chave na promoção de 2021. No entanto, com o tempo, ele perdeu destaque e deixou o clube Junín. Depois, ele se transferiu para o Barracas Central e, em 2023, foi para o Godoy Cruz, onde jogou 19 partidas, antes de se transferir para a Bolívia.
Escudo estilo brasileiro
O escudo do clube chama a atenção pela forte semelhança com o emblema da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Eles compartilham uma estrutura semelhante: formato pentagonal, cores brilhantes e uma composição que os torna confusos.
No final de 2023, a direção do clube decidiu lançar um edital para que designers desenhassem seu escudo e lhe dessem uma identidade mais diferenciada. As condições eram que o novo design mantivesse as cores branco, verde e azul claro e incorporasse elementos representativos da região, como uma planta de ureia, uma palmeira e uma referência a Cochabamba.
No entanto, a iniciativa não teve a repercussão esperada e, embora alguns esboços tenham sido apresentados, o brasão permanece intacto até hoje. O emblema foi assunto de conversa no futebol boliviano devido à sua semelhança com o da confederação brasileira.
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