

A derrota de ontem por 1 a 0 para a Universidad de Chile, em Santiago, mostrou um Botafogo que, apesar de ser o atual campeão da Libertadores, não soube como se portar na estreia na competição. A infantil expulsão de Igor Jesus — o centroavante amarga seca de nove jogos — já nos acréscimos, com dois cartões amarelos recebidos em dois minutos após catimba dos chilenos, sintetiza bem isso.
Na segunda partida sob o comando de Renato Paiva, o Botafogo até teve bons momentos na primeira etapa, mas, assim como contra o Palmeiras no último domingo, pecou ao finalizar as jogadas criadas e não conseguiu abrir o placar. Se por um lado, a equipe demonstrou bom entendimento do que pede o técnico português, por outro, o time também apresentou nítido déficit de refino técnico, principalmente no que diz respeito à parte ofensiva.
— É um jogo muito mal jogado da nossa parte e outra vez com os mesmos pecados do último jogo. Indefinição no último terço, não conseguimos finalizar as jogadas, não foram tantas como contra o Palmeiras. Na primeira parte, conseguimos ter mais posse de bola e chegar no último terço, mas depois tivemos poucas finalizações para a posse que tivemos. Nossa posse precisa ser mais efetiva e terminar mais em finalizações — resumiu o técnico Renato Paiva.
Na volta para o segundo tempo, o Botafogo não só parou de apresentar a organização tática demandada por Paiva, como lembrou os piores momentos da temporada sob o comando de interinos. Além de não conseguir levar perigo à La U, o time deu muitos espaços aos chilenos e, de quebra, sofreu o gol da derrota em falha do sistema defensivo.
Em saída rápida pelo lado direito da defesa alvinegro, Sepúlveda recebeu na lateral. Mesmo com Gregore na cola do lateral-esquerdo, Jair errou ao dobrar a marcação e deixou Barboza sozinho com Guerra, que deu assistência para Di Yorio abrir o placar na saída de John. Alex Telles, que se desligou do lance, demorou a recompor e deixou um buraco na linha de defesa aproveitado pelo autor do gol chileno.
— Temos que melhorar muito a parte de criação e finalização. Defensivamente não estivemos mal. A equipe se portou muito bem, quase não houve oportunidades para o adversário. Temos que melhorar o aproveitamento das oportunidades. Quero recordar o contra-ataque que estávamos em superioridade numérica e não conseguimos sequer finalizar — analisou o português.
Mais posse
Mesmo na condição de visitante e num estádio hostil, com a torcida local apoiando a Universidad de Chile durante os 90 minutos, o Botafogo teve mais a bola que o adversário: de 61% a 39% de posse. No entanto, o número de passes errados mostra bem a falta de capricho da equipe. Só no terço final do campo, mais próximo ao gol, o alvinegro teve aproveitamento de 68% (97 de 142).
Os erros em sequência fizeram com que a superioridade coletiva e individual do Botafogo em relação à Universidad de Chile fossem nivelados. Se na primeira etapa a La U não conseguiu levar perigo ao gol de John, na segunda, depois de boas alterações feitas pelo técnico argentino Gustavo Alvarez — autor da assistência para o gol, Nicolás Guerra foi um dos que mudaram a tônica da partida —, a equipe chilena prevaleceu e saiu com a vitória.
E se a rápida demonstração de organização tática do alvinegro é um ponto positivo para Renato Paiva, a crítica negativa para o treinador português fica por conta das substituições ruins na segunda etapa. Nenhuma das mudanças feitas pelo comandante teve o efeito esperado por ele.
Até mesmo Artur, que tem status de titular na equipe, não conseguiu utilizar a velocidade para levar vantagem sob os adversários. Mesmo com espaços para atacar, o camisa 7 repetiu os erros técnicos dos companheiros e não conseguiu dar sequência aos contra-ataques que se desenhavam promissores.
— (A derrota) não foi por causa da mudança tática do meu colega. A equipe foi perdendo frescura física. Fizemos mudanças que não melhoraram a equipe. O jogo acabou, e nosso adversário é um justo vencedor — admitiu Paiva.
No próximo sábado, o Botafogo volta a campo às 21h, contra o Juventude, no Nilton Santos. Também contra uma equipe inferior tecnicamente — mas bem organizada pelo técnico Fábio Mathias —, o alvinegro terá uma boa oportunidade para demonstrar melhora nos problemas técnicos e, mais que isso, conquistar a primeira vitória sob o comando de Renato Paiva.
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