

Na última quarta-feira (23), um ato de violência no interior do Rio de Janeiro colocou em xeque a segurança nos eventos esportivos regionais. Antes da partida entre Três Rios e Paulo de Frontin, válida pela Copa Rio Sul de Futsal, o atleta Daniel Pacheco, de 19 anos, foi vítima de uma bomba arremessada dentro do vestiário do ginásio de Engenheiro Paulo de Frontin. A explosão provocou uma perfuração no globo ocular do jogador, que foi socorrido às pressas e passou por cirurgia emergencial.
– Eu estava entrando no vestiário, um amigo entrou antes de mim e foi direto para o banheiro. Assim que passei pela porta, vi um negócio brilhando na janela e voou tudo em mim. Coloquei a mão no rosto e começou a sair muito sangue. Fui levado para o hospital em Paulo de Frontin, mas a cirurgia foi feita em Três Rios no dia seguinte. Não estou sentindo dor, mas os pontos no olho estão incomodando. Tive muito medo de ficar cego. Na hora, a vista escureceu completamente. Tenho muito medo, por isso estou seguindo todas as recomendações dos médicos. Devo ficar uns três meses sem jogar, mas meus amigos de equipe estão me dando muito apoio. Foi a primeira vez que algo assim aconteceu comigo, em todos esses anos jogando futebol. Estou focado na recuperação e em cuidar do meu olho – conta o atleta.
A partida foi imediatamente cancelada. O Clube Três Rios repudiou o episódio em nota oficial, registrou um boletim de ocorrência, e a Polícia Civil abriu investigação e disse que seriam analisadas as imagens de câmeras de segurança para identificar os responsáveis.
Aline Freitas, namorada do pai de Daniel, relatou a dor e a revolta da família diante da gravidade do caso.
– O diagnóstico foi perfuração de globo ocular com lesão de retina. Ele já fez uma cirurgia de emergência e agora vai passar por acompanhamento com um especialista no Rio de Janeiro, que se prontificou a ajudar- disse.
Segundo Aline, a principal preocupação é com o risco de descolamento de retina, o que pode levar à perda permanente da visão. Por isso, a previsão é de que o jovem tenha acompanhamento médico durante anos.
O drama vivido pelo jovem foi agravado pela precariedade do atendimento no local. De acordo com Aline, não havia médico na ambulância e nem no ginásio, apenas uma técnica de enfermagem.
– Ele perdeu muito sangue e ficou muito tempo esperando atendimento. Os problemas começaram logo quando os atletas chegaram ao ginásio. Não tinha um carro de polícia na porta e a van chegou a ser cercada pelos torcedores do outro time. Os meninos são conseguiam sair do veículo – afirmou.
Segundo ela, a rivalidade entre os times já gerava provocações durante as partidas, mas o nível de violência registrado na última quarta foi inédito.
– Nunca aconteceu algo assim. Foi criminoso. Jogaram o rojão dentro do vestiário. Outros atletas se machucaram, mas foram ferimentos mais leves. O caso do Daniel foi o mais grave – contou.
Ainda de acordo com relatos de Aline, o autor do ataque e o líder da torcida organizada do time adversário foram identificados.
– O rapaz que lançou o rojão se apresentou na Delegacia e disse que agiu a mando do chefe da torcida. A organização da Copa decidiu excluir o time de Paulo de Frontin da competição este ano. Mas, sinceramente, não acho suficiente. Deveriam ficar fora dois, três anos. Como os atletas vão se sentir seguros para jogar em Paulo de Frontin? – questiona.
Não foi a primeira vez com incidentes na competição. Em 2024, Três Rios foi punido com jogo de portões fechados após arremesso de garrafa por torcedor, e Paulo de Frontin também foi sancionado quando torcedores invadiram a quadra para uma oração e agrediram um adversário.
Até o momento, a comissão disciplinar da Copa Rio Sul de Futsal não divulgou decisões oficiais sobre novas punições, e a Polícia Civil segue investigando o caso.
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