
Há 100 anos nascia Nilton Santos, a famosa Enciclopédia do Futebol, bicampeão mundial (1958 e 1962), ídolo eterno do Botafogo e, talvez mais importante, exemplo raro de jogador de um clube só. Não tive dúvidas sobre o que fazer neste retorno: homenageá-lo. Mas aí bateu a pergunta inevitável — o que dizer de novo sobre um dos maiores laterais de todos os tempos?
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Foi aí que me veio um estalo: em 2025, quem também completa 100 anos é o jornal O GLOBO. E aqui vai uma confissão — nas poucas horas vagas que tenho como editor de Esportes, adoro dar umas voltas pelo nosso arquivo digital de fotos. É um verdadeiro baú de tesouros escondidos: imagens raras, algumas inéditas, outras que só saíram na edição impressa e se perderam com o tempo. Sempre descubro algo surpreendente.
Essa semana, mergulhei nas imagens da carreira de Nilton Santos. E selecionei 11 delas — um time inteiro, por assim dizer — para dividir com você.
Pelas fotos e reportagens antigas, dá pra notar que Nilton tinha uma relação próxima com o jornal. Ele era amigo pessoal de Ricardo Serran, que chefiava esta editoria nos anos 60, e parecia topar qualquer pauta. Numa das imagens, ele aparece em 1957 visitando a antiga redação do GLOBO, rodeado de repórteres, com uma tabela do Carioca pendurada na parede ao fundo (imagem acima).
Também em 1957, já no fim do estadual, o craque aparece autografando pôsteres e revistas do Botafogo campeão — tudo isso na porta do jornal, como quem vai visitar velhos amigos.

Avançando para 1960, uma imagem que diz muito: Nilton lendo o GLOBO, Garrincha espiando por cima do ombro, e na manchete, a volta de Didi ao Botafogo. O trio que virou canto de arquibancada está ali, numa cena informal e reveladora.

No ano seguinte, outra foto divertida: Nilton, Garrincha e o goleiro Manga (falecido recentemente) brincam com uma girafa de pelúcia no Aeroporto do Galeão, voltando de mais uma excursão do Botafogo.

Tem foto com Mané? Tem. Mas também tem com Pelé. Em 1958, na Copa da Suécia, Nilton Santos aparece em um momento bem-humorado, “examinando os dentes” do então garoto de 17 anos que logo seria o Rei do Futebol.

Outro clique daquele Mundial mostra Nilton dando um salto impressionante durante os treinos — daqueles que parecem desmentir a ideia de que, no passado, os jogadores eram “menos físicos”.

Em 1956, numa viagem da Seleção para a Suíça, temos o lateral brincando na neve com os colegas — cenário completamente novo para todos eles.

Tem até flagrante da vida pessoal: Nilton beijando a esposa, Abigail, no retorno de uma das excursões do Botafogo.
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E o contraste com o futebol de hoje é inevitável. Uma das fotos mais curiosas mostra crianças sentadas na beira do gramado assistindo a nada menos do que a seleção brasileira que seria bicampeã no Chile, em 1962. Parece uma pelada qualquer, mas é jogo de Copa do Mundo. E lá está Nilton, com a camisa 6, no meio da história.
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Tratamento médico? Em 1961, em General Severiano, uma foto registra Nilton cuidando do pé depois de uma pancada. Sem frescura, sem drama.
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Até os protestos eram diferentes: depois da derrota para a Argentina no Sábado de Aleluia de 1963, um torcedor resolveu fazer a tradicional “Malhação do Judas” pedindo a volta de Nilton à seleção. Improviso com criatividade — como ele gostava de jogar.
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E, para fechar, uma imagem que só o acesso dos fotógrafos da época ao vestiário poderia proporcionar: Nilton Santos no Maracanã, pós-jogo, num clique que por pouco não revela demais…
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Nilton Santos nos deixou em 2013, mas seu legado continua pulsando em cada foto, cada história e cada jogada que redefiniu o papel do lateral no futebol. Que este centenário sirva de lembrança — e de celebração.
Thalespédia
E o Ancelotti, hein? Onde é que foi se meter? Não, leitor, ao menos por agora, não falo sobre a crise política na CBF. Em breve vou detalhar esses números no GLOBO, mas mergulhei nos dados sobre a história dos treinadores estrangeiros em Copas do Mundo e adianto por aqui.
Até hoje, 101 técnicos dirigiram seleções de países que não o que nasceram na história do Mundial, alguns mais de uma vez, outros por mais de uma seleção. Só um chegou à final: George Raynor, inglês, vice-campeão com a Suécia, em 1958, ao perder a final para a seleção brasileira. O Brasil, aliás, até 2018, era o país com mais técnicos que trabalharam por outras seleções na história – 11 -, com Otto Glória e Felipão, ambos semifinalistas por Portugal (em 1966 e 2006, respectivamente), como os mais bem sucedidos. Com os argentinos Gustavo Alfaro, no Equador, e Gerardo Martino, no México, na Copa do Qatar, no entanto, os hermanos chegaram a 12 treinadores e nos ultrapassaram.
E de maiores exportadores de técnicos para outras seleções em Mundiais, teremos, pela primeira vez, um estrangeiro importado na pentacampeã. Entre as campeãs mundiais, agora, só Alemanha e Uruguai nunca se aventuraram no que estamos prestes a embarcar.
As melhores coisas para se ler no GLOBO nesta semana
Excepcionalmente, as tradicionais dicas de conteúdo que publicamos são semanais. Como tirei pouco mais de duas semanas de férias, indico o que de melhor publicamos nesses últimos dias: a ótima reportagem do Arthur Falcão sobre essa novidade chamada Kings League (não faz ideia do que seja? Vale ler); e a excelente matéria do repórter Lucas Ribeiro sobre os surfistas da base da pirâmide do esporte.
Até semana que vem! E viva Nilton Santos!
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