
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/F/r/Ge9WCFQm2lT9wZnistTA/111046478-real-madrids-brazilian-forward-16-endrick-leaves-the-pitch-past-real-madrids-italia.jpg)
O hexa vem. Diante de tudo o que acontece na gestão da CBF e na contratação do treinador da seleção, decidi que o melhor é me juntar à crença popular de que é justamente quando o Brasil faz tudo errado que conquista a Copa do Mundo. Assim como o penta com a família Scolari garantindo a vaga na última partida, o tetra com Parreira barrando Romário até não poder mais, o tri com João Saldanha acusando Pelé de enxergar mal e entregando o cargo a Zagallo… Carlo Ancelotti há de se tornar o primeiro treinador estrangeiro campeão mundial.
Já escrevi aqui que Ednaldo Rodrigues implantou o modelo Ted Lasso de administração na CBF: como o técnico da série de TV, que pendurou um cartaz com a palavra “Believe” no vestiário do time que não sabia como dirigir, o presidente resolveu acreditar que fazendo tudo do seu jeito teria algum sucesso. Em vez disso, o que a seleção conseguiu durante sua tumultuada gestão foram alguns dos piores resultados de sua história. É verdade que seu principal projeto, a contratação de Ancelotti, acabou sendo realizado— mas com um ano de atraso, e o presidente, mais uma vez, fora do cargo por decisão judicial.
Ancelotti chega dia 26 para fazer sua primeira convocação. Na véspera, se Ednaldo não conseguir impedir na Justiça, presidentes de federação e clubes — que há pouco tempo lhe deram mais um mandato por aclamação — terão eleito Reinaldo Carneiro Bastos, seu maior adversário, para o cargo que está hoje na mão de um interventor. Mesmo diante desse cenário e de toda a confusão que envolveu sua contratação, o treinador italiano deverá cumprir sua palavra. Mas e depois?
Reinaldo (ou outro candidato que apareça e o surpreenda na eleição) pode decidir rasgar o contrato. Ednaldo pode conseguir no STF ou no STJ sua reintegração ao cargo. E, no meio disso tudo, a seleção, sob o comando de Ancelotti, pode muito bem ganhar as quatro partidas que faltam pelas Eliminatórias e se classificar para a Copa do Mundo. O futebol não tem uma receita infalível; um de seus grandes mistérios é permitir que até quem parece estar fazendo tudo errado consiga um bom resultado. A Argentina foi campeã do mundo depois que sete treinadores recusaram convite para assumir o comando, que acabou ficando nas mãos de um assistente que já estava lá. Believe — ou, no caso, creia.
O Brasil pode até ganhar a Copa com Ancelotti, mas a disputa pelo cargo de Ednaldo passa longe de um questionamento importante para o futebol brasileiro: a formação de nossos dirigentes. Os últimos presidentes da CBF foram o genro de João Havelange, dois ex-presidentes de federação e um burocrata. Entre eles, só um foi jogador de futebol, de carreira breve e medíocre.
Quando Ronaldo quis entrar na disputa, todas as portas se fecharam para ele. Não tenho condições de afirmar que o Fenômeno seria um bom dirigente, mas o episódio mostrou que o clube de quem manda quer continuar fechado, entregue a pessoas de competência duvidosa que chegaram a seus cargos pelo caminho da política, e não pelo da competência administrativa.
Ednaldo, se sair mesmo derrotado, terá tido ao menos o mérito de deixar no comando da seleção o técnico com o currículo mais recheado entre os que já assumiram o cargo. E a nós resta acreditar que é desse jeito bem brasileiro que o hexa vem.
This news was originally published on this post .
Be the first to leave a comment