
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/L/b/okAwZpTmeZN5tjwIfTpg/captura-de-tela-2025-05-24-140213.png)
A alcunha de “belga” ficou para trás, e hoje Andreas Pereira se sente mais brasileiro do que nunca. Em reta final de temporada pelo Fulham, da Inglaterra, ele tem como objetivo atingir seu melhor nível nos próximos meses para garantir um lugar na seleção comandada por Carlo Ancelotti rumo à Copa do Mundo. Em entrevista ao “Toca e Passa”, videocast do GLOBO, ele também contou que deseja — talvez agora, talvez no futuro — retornar ao Flamengo para reescrever a história que, por enquanto, está marcada pelo erro na final da Libertadores de 2021.
Como avalia sua temporada?
Contando a passagem pela seleção brasileira, que foi muito importante, dou nota 8. Trabalhei muito, fiz meu primeiro gol nas Eliminatórias (na vitória por 4 a 0 sobre o Peru). Claro, sempre há coisas em que posso evoluir. Mas mudei minha posição, joguei mais recuado em relação aos últimos anos, mas ainda dei bastante passe para gol e criei chances. Para mim, foi muito bom.
Como os europeus vão encarar o Mundial de Clubes?
Como é a primeira edição, vão querer ganhar. O primeiro sempre fica na História, é diferente. Todos querem ser o primeiro a vencer o Mundial de Clubes. Tenho certeza de que eles vão dar a vida. Alguns jogadores ficaram chateados porque não terão férias, outros querem jogar um torneio diferente.
Para quem você irá torcer?
Para o Mengão, né? (risos)
Ao longo dos anos, você falou diversas vezes sobre a falha na final da Libertadores de 2021, contra o Palmeiras. Como lida com o tema hoje?
Nunca vou esquecer o que aconteceu. Mas não é uma coisa que me atrapalha mais. No início, você duvida de si próprio: “Poderia ter feito isso, poderia ter feito aquilo”. Mas não penso mais assim. Isso me deixou mais forte mentalmente, evoluí como jogador. O Flamengo e minha família me ajudaram a superar esse momento. Recentemente, eu estava fazendo live jogando vídeo game, e os palmeirenses entram falando um monte de coisa. Eu nem ligo. Torcedor é assim: vai falar, e eu não vou ficar abalado, sem dormir. Tenho certeza de que minha história com o Flamengo não acabou. Um dia, ainda vou voltar para escrever outras histórias.
Pode ser nesta temporada?
Só Deus sabe (risos). Sempre deixei claro que, se voltar ao Brasil, a primeira opção é o Flamengo, onde me senti à vontade. Tenho grandes amigos lá, joguei com Arrascaeta, com Gerson na seleção… Sei também que encaixaria no time do Filipe Luís, que é um grande amigo. A gente conversa muito. Mas é uma coisa que está em aberto. Tenho contrato de dois anos com o Fulham, clube que abriu as portas para mim e respeito. Mas virei torcedor do Flamengo, e essa conexão com o Flamengo vai ser sempre especial.
Como acha que seu nome seria recebido pela torcida?
Sempre vai haver torcedores que se lembrarão do que aconteceu. Mas a maioria sabe da minha qualidade e que amo o clube. Acho que eles me receberiam, sim, de braços abertos.
Você conversou com o diretor José Boto e Filipe Luís sobre um retorno neste momento?
Não tive contato formal com o Flamengo. Estava no fim da temporada e focado no Fulham. E pedi ao meu empresário para não me dar muita informação de fora, porque poderia atrapalhar meu desempenho aqui.
Mas você disse que conversa muito com o Filipe Luís. Como é a amizade de vocês?
Ele está fazendo um grande trabalho no Flamengo, e gente conversa sobre essas coisas. Quando o Flamengo está bem, mando parabéns. Quando não está tão bem, também mando uma mensagem, uma cornetada: “Está precisando de um meio-campista” (risos). Mas a cornetada é como torcedor.
Seu nome também esteve ligado ao Palmeiras, no início do ano. Como foi a conversa com a presidente Leila Pereira e por que ela não avançou?
Fizeram a proposta, falaram com meu empresário. Leila é uma pessoa que respeito muito. Admiro o trabalho dela. Mas tenho um carinho grande pelo Flamengo e estava no meio da temporada com o Fulham. Queria terminar a temporada. Não gosto de, no meio das coisas, deixar para trás. Falei com meu empresário: “Agora, vou passar”.
E agora? Pensa em seguir na Europa ou voltar ao Brasil?
Não pensei muito nisso. Foi um fim de temporada pesado. Falei para meu empresário que vou entrar de férias e me desligar. Quando retornar, quero me preparar do melhor jeito possível, porque é ano de Copa do Mundo. Quero fazer parte do grupo. Não decidi nada.
Seus filhos (Maria Vitória, de 5 anos, e Gianluca, de 3) moram com você em Londres. Como constrói a criação deles enquanto brasileiros?
Minha filha nasceu em Londres. Mas, quando fui para o Flamengo, minha esposa, Patrícia, estava grávida de oito meses, e havia a chance de meu filho nascer no Rio. Pensei: “Ele tem que nascer no Rio”. Eu nasci na Bélgica, mas meus pais são brasileiros. Toda vez que eu jogava pelo Manchester (United), a imprensa dizia: “Ah, o belga”. Eu não sou belga, não tenho nada a ver, eu sou brasileiro. É um pouco difícil, porque minha esposa é espanhola. Mas ela acabou aprendendo o português e fala muito bem. Em casa, a gente fala português, come arroz e feijão todo dia. Tento trazer um pouco da cultura brasileira para dentro de casa. Estamos sempre rodeados de brasileiros, e meus filhos sentem saudades do Rio. Isso me orgulha muito.
Como analisa a chegada de Ancelotti à seleção brasileira?
Ancelotti é um treinador que venceu em todos os lugares por onde passou. Na seleção, a possibilidade de beliscarmos um título é muito maior com ele. Tenho que seguir fazendo meu trabalho, pois tenho chance de ser convocado. Ancelotti é um grande técnico, e será uma honra trabalhar com ele na seleção.
Sente que a seleção perdeu relevância para o povo brasileiro? A pressão é maior nela ou nos clubes?
O futebol mexe com o Brasil. Todo mundo acompanha. A gente critica porque gosta. Se alguém falar mal do Brasil aqui (na Europa), tem briga. Todos querem ganhar a Copa América, a Copa do Mundo… Como isso não aconteceu nos últimos anos, é normal ter cobrança. O torcedor quer ver sua seleção no melhor nível. A pressão é maior porque a seleção é o Monte Everest do futebol. Mas é uma pressão boa. É um orgulho imenso representar o Brasil.
Por que Neymar ainda é referência na seleção?
Neymar é nosso ídolo. Eu cresci vendo Neymar jogando no Santos. Depois, tive a oportunidade de jogar contra ele no Barcelona. Ele é o cara. Como Vini, Rodrygo e Raphinha serão daqui a dez anos.Neymar é o nosso craque, temos que preservá-lo.
Neymar é muito criticado pela vida fora do futebol…
Você tem que se desconectar. Eu saio aqui (em Londres), e ninguém me filma ou tira foto. Com o Ney é diferente, todo mundo acompanha. Ele tenta se desconectar, mas as pessoas não deixam e cobram dele coisas que são impossíveis de se cobrar. O cara quer relaxar, não pensar em futebol, para, depois, quando retornar, estar 100%.
Está demorando para ele engrenar na volta ao Santos.
É difícil, depois da lesão, voltar em alto nível. Ele precisa de um tempo. Todo mundo quer o Ney do Barcelona, aquele Ney que rabisca. Mas ele precisa de um tempinho. O cara é fenômeno. Precisamos deixá-lo em paz, porque já, já ele estará destruindo novamente.
This news was originally published on this post .
Be the first to leave a comment