
A seleção brasileira masculina de vôlei está rejuvenescida para o ciclo de Los Angeles-2028. O levantador Bruninho e o central Lucão, os mais experientes do ciclo de Paris-2024, não fazem mais parte do grupo. Agora, o “mais velho” da turma, o único remanescente da equipe campeã olímpica na Rio-2016, é o ponteiro Lucarelli, de 33 anos. O Brasil inicia a temporada internacional no dia 11 de junho, na Liga das Nações. A estreia será contra o Irã, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Ainda há ingressos à venda, no site da Evetim.
Oito dos 13 atletas que disputaram Paris-2024 continuam no grupo, incluindo jogadores jovens como Adriano (23 anos), Darlan (22 anos) e Lukas Bergmann (21 anos). O trio estreou em Jogos Olímpicos nesta ocasião.
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— Nem havia pensado nisso (último da Rio-2016), fiquei mais assustado de ser o mais velho… (risos) Por muito tempo eu fui o mais novo e agora, a coisa virou — declarou Lucarelli, que “apesar de tudo” se sente bem nessa condição. — Mostra o tanto do tempo que estou aqui podendo representar o Brasil. Este é um desafio muito grande para todos, afinal a renovação é grande.
Lucarelli, que tem como meta “chegar bem nos Jogos de Los Angeles-2028”, afirma que se sente “responsável” em ajudar a molecada, uma vez que já esteve nesse lugar. Diz que na sua época teve sorte porque foram vários os “padrinhos”. Citou Serginho, “o principal, meu ídolo antes mesmo de chegar na seleção”, Dante, que “cuidou de mim como um filho e me dava várias dicas já que jogávamos na ponta”, e Bruno, “parceiro de quarto por vários anos”.
O ponteiro observa, no entanto, que muitos jovens do grupo atual têm bastante maturidade e destacou Darlan, Lukas Bergmann e Adriano. Disse que eles são “responsáveis e têm personalidade”.
— Vamos ver como vou me sair como ‘o veterano do time’ — brinca Lucarelli, que fala dos desafios. — Esse grupo tem já de início dois grandes desafios: criar sua própria identidade e criar laços entre nós, entre os jogadores. Com o grupo anterior, a gente se conhecia no olhar.
‘Renovação não pode ser revolução’
Em função desta grande renovação, o técnico Bernardinho fala em cautela, paciência e em processo. Afirma que a “garotada demonstra vontade grande de fazer” mas se sente “pisando em ovos, com receios”.
— É assim que se sentem: estamos na seleção, mas não somos a seleção ainda — explica o treinador, que brinca que o “pirlimpimpim não acontece” — Vamos ter lidar com as expectativas porque temos jogadores com potencial, mas com pouca vivência, pouco tempo de quadra e de voo. A renovação não pode ser uma revolução. Acho que tem de ser assim, trazendo duas ou três peças, mantendo a base. Como foi feito ao longo do tempo. Agora, de repente, bum. Requer tempo, trabalho, conhecimento, vivência, entender a pressão, o cenário internacional.
O treinador, que ainda não definiu seu novo capitão, no lugar de Bruninho, diz que às vezes não dorme preocupado com o que tem visto lá fora e “como estamos defasados em algumas questões”. E aponta o saque como o principal fundamento.
— E é cultural, a nossa liga está abaixo nesse quesito. Pela primeira vez no playoff da liga italiana, o saque pontuou mais do que o bloqueio. O jogo mudou, muito risco e potência no saque e ninguém mais enfrenta bloqueio. São bolas tocadas, agarradas, jogadas é o que chamamos de ‘rejogar’. E quando a gente arrisca no saque, nossa consistência cai muito. É preciso confiança, não adianta testar só no treino, tem de ser na hora H. E quatro anos é pouco tempo para uma preparação de tanta gente… Mas é o que temos. — comenta o treinador que explica que o grupo é quem vai escolher seu capitão: — Eu não escolho é o grupo. Para quem o grupo olha quando está em dificuldade? A quem recorre? Quem vai pleitear: ‘deixa comigo que eu vou assumir aqui’?. Como o Bruno, nunca tive. Era menos talentoso que todos os outros, mas liderava o grupo. O dia que ele quiser ser treinador será o melhor que já tivemos. Será muito, mas muito melhor do que eu. E não é pouco. É muito. Ele é mais inteligente emocionalmente.
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Primeira vez e caçula
Dos 18 atletas que estão treinando essa semana com técnico Bernardinho, Alê Elias, Chizoba, Maicon e Rhendrick não disputaram ainda a Liga das Nações. Rhendrick, de 26 anos, que teve passagem muito breve no grupo de Renan dal Zotto, está em sua primeira convocação para a seleção adulta.
Ele conta que há um ano, chegou a ser chamado para a VNL e teve de pedir dispensa. Por isso teve medo de não ter outra chance.
— Eu ia casar no dia 2 de junho. Faz um ano… Falei para a Luana: ‘Essa será a nossa última viagem porque daqui para frente eu quero estar na seleção e que você esteja comigo’. Estamos felizes, este é o lugar que eu sempre quis estar. Vou agarrar esta oportunidade, não vou deixar passar em branco, porque eu quero ficar aqui — promete o levantador.
O central Judson, que já jogou a Liga das Nações de 2023 e 2024, acredita que agora terá chances de se firmar no grupo.
Aos 26 anos, Judson tem se destacado na Superliga. Foi eleito o melhor central da competição pelo terceiro ano seguido.
— Esta pode ser a Liga das Nações que eu tenha mais espaço dentro da seleção e mais tempo para poder mostrar todo o trabalho que fiz para crescer e evoluir. Meu momento é muito bom, venho de três temporadas de clubes muito boas, de afirmação. E quero construir minha história na seleção —comenta o atleta, que em 2023 jogou o Sul-Americano e o Pré-olímpico, e no ano seguinte, foi ouro nos Jogos Pan-americanos do Chile.
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Já Lukas, que também não é estreante no grupo, disse que o processo para disputar Paris-2024 lhe traz alguma segurança mas que um novo ciclo está apenas começando. E que com isso, o trabalho recomeça para todos.
— Já fui para a Olimpíada, mas a sensação de ser um estreante é a mesma. Independentemente de ter ido a Paris-2024, a gente começa agora um processo de novo, de olho em Los Angeles-2028. O caminho é longo, vamos sofrer muito, mas vamos melhorar a cada ano. — declarou o ponteiro, que ainda é mais novo do grupo, com 21 anos. — Isso significa que, apesar do grupo ter novos jogadores, eu continuarei com a tarefa dos caçulas que é dobrar a roupa e entregar nos quartos. No ano passado eu e o Arthur tínhamos essa função, agora a lista deve aumentar mas não me livrei desta.
Até o momento, o técnico Bernardinho trabalha com os seguintes atletas: Alan, Darlan, Chizoba (opostos); Brasília, Cachopa e Rhendrick (levantadores); Adriano, Arthur Bento, Honorato, Lucarelli, Lukas Bergmann, Maicon (ponteiros); Flávio, Judson, Matheus Pinta e Thiery (centrais); Alê Elias e Maique (líberos).
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