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Os europeus estão exaustos. Nos primeiros dias da Copa do Mundo de Clubes, fica evidente a dificuldade que muitos dos superfavoritos enfrentam para lidar com o calor sufocante do verão americano e o cansaço da temporada mais longa da história dos clubes europeus.
São 11 meses de futebol praticamente sem pausa — um calendário tão insano que levou a FIFPro, o sindicato dos jogadores, a entrar na Justiça contra a Fifa para tentar preservar o direito às férias dos atletas que atuam na Europa.
Pep Guardiola chegou encharcado de suor e ofegante à coletiva ontem após a vitória sobre o Wydad Casablanca, disputada sob o sol do meio-dia e quase 90% de umidade.
Não à toa escalou um time quase todo reserva — não apenas para dar rodagem a novos nomes, mas para poupar veteranos num torneio em que o calor só vai aumentar.
A partir das oitavas de final, apenas três jogos serão noturnos — um calendário feito para a audiência europeia, mas que força os jogadores a enfrentar temperaturas para as quais não estão habituados. Na Europa, joga-se entre o frio do inverno e o clima ameno do outono e da primavera. Aqui, é outra história.
Desde agosto, os jogadores mal pararam — e isso após um “verão” com Eurocopa e Copa América. A exaustão ficou nítida quando Vinicius Junior, um atleta olímpico em forma de jogador de futebol, saiu de campo com câimbras no segundo tempo do empate do Real Madrid. A meia hora final de PSG x Atlético de Madrid escancarou dois times exauridos, mal conseguindo ficar de pé sob o sol californiano.
Duas semanas atrás, em Barcelona, em uma entrevista, perguntei a Guardiola se o Mundial seria o fim da temporada passada ou o começo da próxima. Ele foi enfático: “é o início de uma nova campanha”. Mas ontem, aqui na Filadélfia, a ficha parece ter caído. O treinador do City admitiu que talvez não seja nenhuma das duas coisas. A mente olha para a frente, mas o corpo ainda carrega o peso desses 11 meses.
“Será um desafio encontrar o equilíbrio entre poupar os jogadores e manter o foco competitivo”, reconheceu.
Talvez aí esteja a chance que os brasileiros esperam: encarar europeus em condições mais parecidas com as da antiga Intercontinental, disputada nos anos 60 e 70 no meio da temporada.
Claro, até o torcedor mais fanático sabe o tamanho do desafio do Botafogo hoje: o Paris Saint-Germain, que goleou Atlético de Madrid e Inter de Milão sem sair da terceira marcha. Os resultados dos últimos 18 anos mostram o abismo entre os campeões da Europa e da Libertadores. Mas o que Fluminense, Palmeiras e Boca Juniors mostraram contra Borussia, Porto e Benfica sugere que a distância pode ser menor diante de europeus fora do topo da elite.
O novo Mundial pôs fim à crueldade do jogo único em dezembro. Ninguém merece atuar no Engenhão no domingo e, na quarta, no Catar. Aqui, nos EUA, os sul-americanos chegaram com foco e planejamento. E, nos cinco confrontos restantes contra europeus na fase de grupos, estarão numa posição que há anos não ocupavam — prontos, enfim, para testar se podem competir de igual para igual.
*Fernando Kallás é jornalista, correspondente internacional na Espanha e colunista convidado do GLOBO na Copa do Mundo de Clubes
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