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O Botafogo tem, nesta quinta, aquela que pode ser considerada a missão mais difícil do momento não apenas para os brasileiros, mas para qualquer equipe do mundo: parar o Paris Saint-Germain. O time francês conquistou todos os títulos que disputou na temporada e estreou na Copa do Mundo de Clubes — com uma goleada (4 a 0) sobre o Atlético de Madrid — mostrando que seu nível técnico segue alto. Impossível sobreviver a ele, então? Bom, talvez haja uma saída.
O clube carioca pode buscar um exemplo no próprio Campeonato Francês. Se há um feito que o PSG não alcançou foi o de conquistar o título de forma invicta. Uma marca que escorreu pelos dedos após 32 rodadas sem derrotas. O responsável foi o Nice, ao bater o time do técnico Luís Enrique por 3 a 1 em pleno Parque dos Príncipes na primeira partida após a conquista antecipada da Ligue 1.
Entender como a modesta equipe francesa surpreendeu o campeão europeu pode ajudar o Botafogo de Renato Paiva a — quem sabe? — fazer o mesmo. Afinal, aquela foi a única derrota do PSG com sua força máxima nos últimos 11 jogos (no tropeço para o Strasborg, na rodada seguinte, quase todos os titulares foram poupados). Além disso, dada a diferença de forças a partida tinha o mesmo aspecto de Davi x Golias que o duelo de hoje.
Antes de mais nada, é preciso ser justo: uma parte significativa do resultado passa pela atuação do goleiro Marcin Bulka. O arqueiro do Nice e da seleção polonesa foi o grande nome da partida, com impressionantes 12 defesas. Destas, sete difíceis.
— Merecemos vencer (pelo volume de jogo e chances criadas), sem dúvida. Mas, se o adversário for 100% eficiente, diferentemente do nosso time, o jogo vira. E Marcin Bulka foi extraordinário — rendeu-se Luis Enrique na ocasião.
A ironia é que Bulka é ex-jogador do PSG. Seu conjunto de defesas pode ser incluído na folclórica categoria “lei do ex”.
— Para conseguir um resultado no Parc, para vencer, o goleiro tem que ser mais do que um detalhe. Mas ele não foi o único pilar. Houve outros — ponderou o técnico do Nice Franck Haise.
Organização defensiva
De fato, a atuação do Nice vai além de Bulka. Desde o princípio, o time não escondeu que a prioridade era a defesa, o que fica claro nos números. O PSG teve 76% de posse e finalizou 32 vezes.
O Nice se defendeu com uma linha de cinco fechando a área e mais duas à frente (de três e de dois), que flutuavam de acordo com a movimentação do adversário. Como elas estavam bem compactadas, funcionaram como uma muralha que dificultou bastante a vida dos atacantes do PSG.
Os avanços pelos lados, um dos fortes da equipe de Luis Enrique, encontraram na marcação dupla (quando não tripla) uma barreira poderosa. Por mais móveis e ágeis que fossem, os campeões franceses pararam diversas vezes na falta de espaço.
Ainda assim, a qualidade técnica individual pesou. Em alguns momentos, o ferrolho do Nice foi superado por dribles, triangulações ou passes mais qualificados. Num desses lances, Fabián Ruiz fez o gol que empatou o placar em 1 a 1. Em outros, o visitante contou ou com a sorte do adversário finalizar errado ou com o brilho de Bulka.
Eficiência no ataque
E se a fórmula para o sucesso atrás era um misto de organização coletiva, reflexos do goleiro e acaso, na frente era uma só: eficiência. Enquanto o PSG marcou um gol em 32 finalizações, o Nice conseguiu três em apenas sete tentativas.
Para quem não assistiu ao jogo é natural imaginar que os três gols do Nice saíram em contra-ataques rápidos. Ledo engano. O PSG faz uma recomposição defensiva rápida. Sempre que o rival tentou encaixar uma estocada, seus jogadores rapidamente foram cercados por cinco ou seis homens.
Os dois primeiros gols saíram pegaram o PSG despreparado. No primeiro, uma falta batida imediatamente permitiu que Bouamani ficasse com a bola num largo espaço entrelinhas. Ele tinha duas opções de passe: Sanson e Laborde. Este ajudou a confundir a zaga, enquanto o outro acelerou para receber entre os zagueiros e concluir rasteiro.
Já o segundo gol saiu nos primeiros segundos do segundo tempo. O Nice lançou a bola para a frente com um chutão, aproveitando que a defesa do PSG ainda não estava arrumada. E, no cruzamento de Clauss pela direita, Sanson aproveitou a liberdade para acertar belo voleio.
O PSG sentiu a nova desvantagem no placar e passou parte do segundo tempo num ritmo menos intenso, o que fez o Nice subir suas linhas e jogar mais à frente. O curioso é que o terceiro gol saiu num escanteio em que os donos da casa tinham nove jogadores dentro da área (contra seis do rival). Só que sete deles correram para a primeira trave, deixando um clarão para Ndayishimiye concluir com cabeçada certeira. O zagueiro era marcado por Ruiz, que não o acompanhou.
Brecha pela direita
A falha na bola parada não foi o único problema do PSG. Embora Hakimi esteja constantemente na linha de cinco ofensiva, a proteção ao seu lado nem sempre é bem executada. O Nice aproveitou esta brecha no segundo tempo. O Botafogo também pode tentar.
Naquele jogo, o PSG mirava apenas o recorde de invencibilidade da Ligue 1. Contra o alvinegro, fará duelo direto pelo primeiro lugar do Grupo B da Copa de Clubes. São motivações diferentes. Mas o Nice mostrou que é possível.
— Tudo tinha que estar alinhado, mesmo que tivéssemos sorte — afirmou Haise.
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