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Com o noticiário internacional no tiro, porrada e bomba atômica, e a estupidez da polarização destrutiva nacional, a Copa Mundial de Clubes veio como um alívio movido a emoção e a futebol como se gosta, com eficiência coletiva e qualidade individual, combatividade e intensidade, entrega absoluta. Quem não gosta de futebol que me desculpe, mas não é só um jogo, é muito mais, uma metáfora de guerra, movida a excelência técnica e atlética e a talento pessoal, entre estratégias e táticas, em combates heroicos e vitórias arrebatadoras, que proporcionam aos seus torcedores trilhões de toneladas de dopamina, num estado de bem estar dificilmente superado, em que a vitória do time é incorporada como se fosse conquista pessoal.
O fascínio que o futebol desperta é ser um jogo em que nem sempre o melhor time (ou o que joga melhor) vence, ou o que joga pior perde. Cada partida pode ser decidida até o último minuto, em golpes de sorte — ou de sua falta. Nada está ganho, nem nada está perdido, viradas espetaculares acontecem.
É o que promete o Mundial de Clubes já no início, com muitas possibilidades de logo superar a Copa do Mundo de seleções. Os grandes times do mundo, campeões de Copas recentes, são equipes que estão jogando juntas há um ou dois anos, em plena forma física, resultando em alto desempenho e intensidade, entretenimento, emoções e surpresas. É um torneio em que um modesto campeão saudita dá um calor no Real Madrid, o maior e mais rico time do mundo, dividindo um empate improvável.
Os clubes dispõem dos melhores jogadores possíveis para cada posição, não interessa a sua nacionalidade mas a sua qualidade, de acordo com as necessidades da equipe e orçamento do clube. Enquanto isso, as seleções só contam com os seus nacionais, que se encontram um mês antes da Copa e fazem alguns amistosos de preparação. É difícil terem mais conjunto do que os melhores clubes em constantes competições — afinal, futebol é um esporte coletivo, de conjunto harmônico e treinado.
A Copa também estimula um nacionalismo exacerbado e antigo, com hinos nacionais e mão no peito, gerando patriotadas patéticas, num mundo justamente dividido pelo nacionalismo político, geográfico e étnico. Afinal, é só um jogo, um grande torneio, mas só um esporte milionário.
A ideia de que croatas podem ser melhores do que brasileiros e esses do que italianos e franceses, só por serem dessa ou daquela nacionalidade, muitas vezes passa raspando na trave do racismo e do preconceito. Os clubes, não: é um time brasileiro ou espanhol, ou japonês, mas com os melhores atletas do mundo inteiro misturados. Um time que, além de sua própria torcida, agrega torcidas de outros clubes nacionais — ou proporciona o secreto prazer de torcer contra seus rivais locais de sempre.
Claro, o poderio financeiro de cada país desnivela bastante os clubes. Mas a exposição mundial e as fortunas que ganham os vencedores, ou meros participantes, podem melhorar muito seus times. O Mundial é a nova Copa.
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