
Etapa brasileira da elite da WSL (Liga Mundial de Surfe), o Rio Pro promete mais um ano de emoções dentro d’água e de recorde de público nas areias da Praia de Itaúna, em Saquarema (RJ). Com a janela do evento prevista de hoje a 29 de junho, alguns dos principais representantes da Brazilian Storm (Tempestade Brasileira, em referência à profusão de talentos da geração mais vitoriosa da modalidade) buscam defender um cinturão pesado de seis títulos consecutivos em solo nacional no masculino, diante dos melhores surfistas estrangeiros, e uma conquista inédita no feminino.
Vice-líder do ranking após levantar o troféu de Trestles, Califórnia-EUA, Yago Dora chega como um dos favoritos. Ele tem uma relação especial com Saquarema. O catarinense de 29 anos pegou as primeiras ondas no circuito mundial quando recebeu uma vaga de convidado na etapa brasileira, em 2017. Mesmo sem experiência no mundo da competição, roubou a cena com uma campanha histórica de terceiro lugar. Além de ter chamado a atenção pelo tamanho do resultado para um “intruso”, o então jovem surfista eliminou adversários de peso, como os campeões mundiais Gabriel Medina e Mick Fanning (AUS). Na semifinal, foi superado pelo compatriota Adriano de Souza, que venceria o campeonato.
Em meio a altos e baixos durante o início da trajetória profissional, Yago acumulou aprendizados no currículo, principalmente em derrotas precoces, para conseguir mostrar por que sempre foi tratado como um dos surfistas mais habilidosos do planeta. Afinal, não havia melhor lugar para decretar a virada de chave na carreira. Depois de bater na trave em alguns campeonatos, o brasileiro conquistou finalmente seu primeiro título no Championship Tour (CT) justamente em Saquarema, em 2023. Totalmente encaixado nas valas de esquerda e direita do Point de Itaúna, ele esbanjou o seu vasto repertório técnico, com direito a um superaéreo que rendeu uma nota 10 na final contra o australiano Ethan Ewing.
Sonho do Finals
Desde então, Yago passou a frequentar o pelotão de frente do circuito mundial, tanto que terminou as temporadas de 2023 e 2024 em sexto lugar. No ano passado, ficou perto do bicampeonato consecutivo em Saquarema, mas perdeu a decisão para Italo Ferreira. Com duas vitórias (Portugal e Trestles) este ano e na cola do sul-africano Jordy Smith, líder do ranking, tudo indica que ele disputará pela primeira vez o título mundial no Finals — etapa que decide o campeão com os cinco melhores da temporada regular —, em Fiji, nas esquerdas de Cloudbreak.
Outro brasileiro que tem uma conexão diferente com o mar de Itaúna é o bicampeão mundial Filipe Toledo, considerado Rei de Saquarema por já ter ganhado lá três vezes (2018, 2019 e 2022). Afastado da temporada passada para cuidar da saúde mental e ficar mais tempo com a família, o morador de São Clemente, na Califórnia-EUA, volta à etapa brasileira como um dos favoritos, mas fora do top 5, o que é um cenário raro nos últimos anos.
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Em oitavo no ranking, ele tem apresentações irregulares até aqui, tanto que só passou das quartas de final em Burleigh Heads, Austrália, onde venceu a etapa da Gold Coast. Precisando de resultado para garantir uma das cinco vagas no Finals, Toledo busca entrar em sintonia perfeita com a natureza do Maracanã do Surfe pela quarta vez na carreira.
— É muito gratificante ver de perto o carinho da galera que me acompanha desde o começo e também dos que estão entrando no mundo do surfe. Saquarema é especial porque nós (brasileiros) surfamos com o coração cheio — diz o bicampeão.
De olho no bi
Quem também sabe como poucos tirar proveito da vibração e do amor da torcida brasileira é Italo Ferreira, que levantou o troféu do Rio Pro pela primeira vez em 2024 e tenta repetir o feito neste ano. Com um início avassalador, o medalhista olímpico de ouro e campeão mundial chegou a vestir a lycra amarela como líder do ranking na primeira metade da temporada, mas caiu para a quarta colocação depois de eliminações precoces nas últimas quatro etapas (Bells Beach-AUS, Gold Coast-AUS, Margaret River-AUS e Trestles-EUA).
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À espera do primeiro filho, Martin, com a mulher Sofia Larocca, Italo tem a oportunidade de espantar a má fase em Itaúna e, de quebra, dar mais um passo rumo ao Finals, em Fiji, onde seu surfe se encaixa na esquerda tubular de Cloudbreak. Conhecido pela energia que deposita dentro d’água, ele costuma crescer nos momentos de pressão ou com a torcida a seu favor. A ver se Saquarema reservará mais um momento especial ao potiguar.
Apesar de nunca ter passado da nona colocação em três participações na etapa brasileira, João Chianca, o Chumbinho, conhece os mínimos detalhes da bancada de areia de Itaúna. Em 17º no ranking, o local de Saquarema quase caiu no corte do meio da temporada e sequer avançou às quartas de final em 2025. Em busca da volta por cima, ele não esconde o desejo de conquistar o título de frente para a família, os amigos e os fãs:
— Competir em casa é a meca. É onde sentimos o carinho focado na gente de uma maneira muito grande e especial. Nos sentimos campeões, independentemente de sermos ou não. É a etapa que eu mais quero ganhar no circuito .
Menos badalados, Miguel Pupo (11º) e Alejo Muniz (22º) podem “comer pelas beiradas” ao terem menos expectativa por resultado do público brasileiro. Perto do top 10, o cria de Maresias faz uma das melhores temporadas da carreira, com quatro quartas de final. Além deles, participam Gabriel Klaussner, como wildcard, e Peterson Crisanto, como convidado.
Tatiana volta favorita
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No feminino, o Brasil terá duas representantes: Luana Silva, de 21 anos, que ocupa a 10ª posição no ranking e chegou às quartas no ano passado, quando perdeu para a campeã Caitlin Simmers (EUA), atual vice-líder — quem ocupa a primeira posição é a havaiana Gabriela Bryan, com duas vitórias na temporada; e Tatiana Weston-Webb, que recebeu uma vaga de convidada para competir em Saquarema após anunciar, em março, a desistência da temporada para cuidar da saúde mental. Entre as favoritas para levar a etapa brasileira, a medalhista olímpica de prata já fez três semifinais em Itaúna (2018, 2022 e 2024).
— Estou animada para surfar em Saquarema. Agora é acreditar no meu surfe. Ano passado me senti confortável e espero repetir o resultado — projeta Luana.
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