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A imprensa britânica está em campanha contra a Copa do Mundo de Clubes. Frase que me dói escrever, jornalista que sou. Desde jornais de grande circulação, como o Telegraph e o Guardian, até influenciadores e podcasts, ingleses descrevem o campeonato como vergonhoso, desgraça, caça-níquel — assim mesmo, com essas palavras. E por quê? Pela dificuldade de conceber um futebol a partir de outro ângulo, ponto de vista diverso ao europeu.
As principais reclamações dos ingleses são: a fadiga dos jogadores, o calor durante o verão americano e os estádios meio vazios. Todas as críticas são válidas. Melhor seria se os atletas estivessem em perfeitas condições físicas, se o clima fosse ameno, e as arenas, sempre lotadas. Mas basta contrapor os argumentos com alguns fatos para notar que há algo a mais sob o sol.
A Premier League levará quatro clubes para os EUA este ano, entre julho e agosto, para jogar em Nova Jersey, Chicago e Atlanta. O Arsenal fará uma turnê pelo Japão nas mesmas datas. O Liverpool passará por Hong Kong. O que todos os clubes buscam com os amistosos? Visibilidade internacional, relacionamento com patrocinadores e potenciais parceiros, e contato próximo com suas bases de fãs. Há transporte, hotéis e desgaste físico em todas as viagens.
Também não dá para dizer que a Copa de Clubes inaugure o futebol no mês de junho. Exceto a última edição, do Catar, que mudou para dezembro justamente para que o calor fosse um pouco menor, todas as outras Copas de seleções se disputaram entre junho e julho. Todas sobrecarregaram atletas, causaram fadiga e, às vezes, lesões que os impediram de jogar por meses. Alguém pretende abolir a Copa do Mundo para privilegiar a Premier League? A LaLiga?
Cito a LaLiga porque, além da imprensa inglesa, quem abriu fogo publicamente no evento foi o chefe da liga espanhola, Javier Tebas. Ele disse que fará o que precisa para acabar com a Copa de Clubes. Pois bem. Faz sentido que o cartola se posicione assim, porque a competição é propriedade comercial da Fifa e, como tal, a LaLiga não ganha um centavo. Não ganha, nem controla o fluxo. Real Madrid e Atlético vão se endinheirar sem depender nada da liga nacional.
Dos dirigentes de ligas nacionais e da própria Uefa, esse tipo de posicionamento é natural. O torneio novo concorre com os produtos deles, inclusive a Liga dos Campeões, pelas mesmas receitas — direitos de transmissão são vendidos para as mesmas emissoras, patrocinadores têm bolsos limitados, torcedores também. É o desdém da imprensa, no entanto, que me intriga, porque ela está ora da rota desse dinheiro. No caso do jornalista, é só ideologia.
O tal do eurocentrismo existe. O jornalista inglês acha que a Premier League é mais importante do que a Liga dos Campeões, e acha que a Champions é a própria Copa do Mundo, já que ela reúne os melhores jogadores do mundo. Botafogo, Flamengo, Fluminense, who? Até que os seus clubes vão lá e perdem para os estrangeiros, cujos nomes eles não sabem pronunciar.
Bem-vindos ao futebol que se joga no resto do mundo, caros colegas. Todos concordam que a sobrecarga de partidas é um problema, bem como o calor e os estádios preenchidos pela metade. Mas a nossa crise é mais grave: aqui se passa por tudo isso em nome de campeonatos estaduais que não valem nada. Copa de Clubes é o máximo. E os vossos dirigentes sabem muito bem. Perguntem a Ferran Soriano ou Todd Boehly se estão descontentes com o torneio.
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