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Ainda em Nova York, nossa base para as duas primeiras rodadas, leio no jornal que torcedores organizados do Inter Miami planejam um boicote contra o próprio clube, em protesto contra o que eles consideram uma destinação insuficiente de ingressos por parte da diretoria. Não tendo motivos para esperar algo positivo de uma torcida da MLS, ponho-me a refletir sobre o que leva um torcedor a condicionar o seu apoio à concessão de benesses.
Chego a Miami apenas na véspera do duelo e sinto falta da efervescência que caracterizou a convivência entre torcidas em Nova York, uma cidade propícia a encontros entre multidões. Os palmeirenses, em sua maioria residentes na Flórida ou em estados próximos, chegam ao Hard Rock Stadium em grande número, e os donos da casa parecem um tanto deslocados.
A língua que mais se fala por aqui é o espanhol, inclusive nas faixas do que parece ser a tal organizada do clube local. Uma delas assegura: “La familia nunca abandona”. Tenho lá minhas dúvidas, mas, verdade seja dita, o barulho do nosso lado impede que eu escute qualquer coisa que não seja a minha voz e a dos que estão a meu lado.
Talvez inebriado pela presença de Messi — eu mesmo me controlei para não me desconcentrar —, o normalmente confiável elenco alviverde tem uma atuação sofrível e o time da casa abre 2 a 0. Passamos, jogadores e torcedores, quase o jogo inteiro flertando com uma eliminação que teria sido constrangedora, mas a reação nos 15 minutos finais leva a uma explosão despudorada na arquibancada.
Se até ali mantínhamos certo grau de civilidade, respeitando as sinalizações de stewards e policiais da força de contraterrorismo que circulavam no setor inferior, o segundo gol foi a senha para ficarmos em pé em grades, muros e assentos plásticos numerados — os mesmos que fazemos questão de não respeitar, para incredulidade de pacatos cidadãos em busca de números e letras em cadeiras já ocupadas. “Forget about reserved seats here, my friend”. E lá vai o amigo em busca de outro lugar para chamar de seu.
A noite de Miami representa a despedida para muita gente que passou duas semanas percorrendo a Costa Leste. Sim, teremos o Botafogo pela frente, mas nem todos conhecerão a Filadélfia. Aqueles com os bolsos já surrados pelo câmbio desfavorável precisam voltar para casa, mas são confortados por outros tantos que, nem bem acabou o jogo, já se voltam a tarefas logísticas: comprar ingressos, alterar passagens aéreas, reservar hotéis. Porque, como diz a faixa em espanhol, a “família nunca abandona” — e sabe-se lá até quando vai durar o sonho…
Rodrigo Barneschi é o cronista palmeirense da ‘On Tour’, coluna que mostra a visão dos torcedores brasileiros nos EUA durante a Copa do Mundo de Clubes
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