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O Grupo de Estudo Técnico (TSG) da FIFA, que reúne especialistas internacionais no futebol, fez um balanço do Mundial de Clubes disputado nos Estados Unidos se dividiu as impressões com um grupo de jornalistas, em Miami, neste sábado. O GLOBO participou do encontro e conversou com o Diretor de Desenvolvimento Global da Fifa, Arsène Wenger, sobre o torneio, segundo ele uma “lição de humildade” aos clubes europeus. O ex-treinador do Arsenal destacou o equilíbrio das partidas e disse que os times da Europa chegaram aos Estados Unidos com um senso de superioridade que não se confirmou.
— No geral, o que me surpreendeu foi perceber que, nós, europeus, às vezes chegamos aqui pensando: ‘ok, talvez sejamos um pouco fortes demais para o resto do mundo’. E isso foi, de certa forma, uma lição de humildade. Eles nos colocaram no nosso devido lugar aqui — afirmou Wenger, que mencionou o fato de o Flamengo jogar contra os europeus sem complexos e elogiou o Mamelodi Sundows.
— No início da competição, os europeus se beneficiaram do medo dos adversários. Mas, com o tempo, perceberam que a diferença não era tão grande, especialmente contra os brasileiros. Por exemplo, a equipe que jogou sem complexos contra os europeus foi comandada por Filipe Luis, técnico com passagem pela Europa. Seu time teve o estilo mais europeu entre os brasileiros — disse o francês.
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Público nos EUA
“Preciso dizer que, para nós, fiquei realmente surpreso com o público que tivemos aqui. As cinco maiores presenças variaram entre 60 mil e 80 mil pessoas. No geral, fiquei muito positivamente surpreso com a presença de torcedores e com a atmosfera dentro do estádio. E vimos novamente que o público sul-americano é muito apaixonado. Vivenciamos algo semelhante ao que ocorreu no Catar com a Argentina, especialmente com a atmosfera inspirada na Bombonera, do Boca Juniors.”
Impressão do torneio
“Quando você compete com os melhores, você volta para casa e pensa: ‘preciso melhorar isso ou aquilo’. Nossa esperança é que os clubes que vieram aqui voltem pensando: ‘na próxima, sabemos que temos que trabalhar mais’. E que, nos seus próprios países, eles desenvolvam o jogo e também a educação. Futebol e educação: essa é a nossa esperança. No geral, diria que tudo correu melhor do que eu esperava. Estou bastante otimista — até melhor do que o mundo esperava antes da competição. Parece o início de algo que não vai parar mais.
Visão das equipes
“Visitei cinco equipes para observar um pouco como estava a atmosfera interna. Correu tudo bem. Fiquei realmente impressionado com o foco, o desejo de vencer e o nível de motivação. É algo novo para os clubes também, porque não se deve esquecer: clubes nunca ficam juntos por um mês para jogar. Alguns treinadores até me disseram que entraram em contato com técnicos de seleções, porque é um problema novo — os técnicos pedem orientações para manter a equipe unida por tanto tempo. Nenhuma equipe de futebol de clubes costuma ficar junta por um mês.”
Estilos de jogo: Europa vs. América do Sul
“A competitividade da competição nos mostrou o contraste entre estilos. Os times europeus foram muito orientados à posse de bola, com pressão alta. Já os brasileiros e sul-americanos preferiram linhas médias, com muita dedicação defensiva e apostando no contra-ataque. O tempo médio de recuperação da bola entre os europeus é mais curto, porque, ao perderem a bola, já tentam recuperá-la imediatamente. Os sul-americanos demoram mais, pois primeiro reorganizam sua estrutura defensiva e então tentam recuperar a bola para contra-atacar.
Mobilidade tática
“A posição dos jogadores hoje é menos rígida, mas os times mantêm a possibilidade de trocar e ter presença em ambos os lados do campo. Há mobilidade dentro do time. Enquanto dominam a posse, os jogadores se movimentam para manter essa abertura pelo lado oposto. A evolução do futebol é sempre assim: o ataque propõe algo, a defesa responde, e o ataque precisa se reinventar para encontrar novo equilíbrio. Antes, isso era ditado a cada quatro anos, na Copa do Mundo. Agora, ocorre nos clubes — que reúnem os melhores jogadores do mundo. As tendências mudam até dentro da mesma temporada. A evolução é mais rápida do que antes. Hoje, perder a bola no próprio campo é fatal. Contra-ataques são uma parte central do futebol moderno. Jogadores como Haaland nos disseram que preferem a pressão alta, pois sabem que se recuperarem a bola perto do gol, têm chance de marcar. Antigamente, os atacantes não defendiam. Hoje, todos defendem — e é por isso que o tempo de recuperação dos europeus é tão curto. Para atraí-los para um lado, você tem que ser capaz de manter a posse de bola. Mas Mamelodi e Flamengo, todo mundo que assistiu disse que esses dois eram bons time. O Mameloni saiu contra o Dortmund, por exemplo, mas foi um time forte.
Presença sul-americana no torneio
“Neste torneio, há aproximadamente dois mil jogadores. Cerca de 25% vêm da Argentina e do Brasil — o que é impressionante. Isso mostra que ainda produzem muitos jogadores de elite. Eu mesmo pensava que a maioria viria da Europa, mas 25% vêm da América do Sul.”
Lionel Messi
“Existe uma diferença entre o melhor jogador e o mais influente. Messi não tem os melhores dados estatísticos deste torneio, mas é certamente o mais influente. Sem ele, o Inter Miami não teria se classificado. Isso faz uma grande diferença. Por exemplo, Olise teve os melhores números, mas o Bayern se classificaria sem ele. O Inter Miami sem Messi? Não.
Condição dos gramados
“Recebemos opiniões sobre a qualidade dos campos em Charlotte e Orlando. Pessoalmente, acho que o gramado de Orlando não está no nível que os clubes europeus estão acostumados — eles esperam perfeição. Isso será corrigido para a Copa do Mundo.”
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