
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/0/j/CSPtyEQlmUQfPg3AmJAA/whatsapp-image-2025-06-27-at-14.01.44.jpeg)
A participação do Flamengo no Mundial de Clubes nos Estados Unidos revelou uma característica que diferencia o clube da maioria dos times brasileiros: a existência de uma rede já estabelecida de torcedores fora do país. Em Miami, onde joga neste domingo com o Bayern de Munique, o apoio vem de grupos organizados há anos, como a Fla-Miami, que articula encontros e ações de apoio ao time.
Ao contrário de outras torcidas brasileiras que viajam para acompanhar seus times, muitos dos torcedores rubro-negros que têm comparecido aos jogos vivem nos Estados Unidos e fazem parte das chamadas embaixadas e consulados. A rede de embaixadas do Flamengo nos EUA começou a tomar forma com mais consistência a partir de 2019, quando o clube passou a reconhecer oficialmente esses núcleos. A Fla-Miami surgiu justamente naquele ano, durante a Florida Cup, como um encontro informal entre torcedores, e hoje já reúne centenas de pessoas para assistir às partidas.
— Na Fla Miami chegamos a ter 150 membros antes da pandemia que eram ST aqui ativos, sem ter benefícios. Alguns devem ter menos, outros mais… a média deve ser uns 100 membros. Juntando todas, deve ser entre 1500, 2000 pessoas. Fora os agregados, quando fazemos festa vem muita gente. Final da Libertares em 2019 eram mais de 600 pessoas na Fla-Miami, isso porque era na nossa sede, que é um bar fechado. Em Orlando, que fizeram em local aberto, colocaram 2 mil pessoas — orgulha-se Marcelo Hallais, diretor da Fla-Miami.
Em outras cidades, como Nova York, Boston, Filadélfia e Orlando, a estrutura é parecida: torcedores residentes se organizam para assistir aos jogos em grupo, promovem ações e mantêm uma programação de encontros. Em dias de jogos importantes, como o do Mundial, esses núcleos são responsáveis por reunir dezenas ou até centenas de pessoas.
Limitações e contexto migratório
Apesar da mobilização, a presença de torcedores em diferentes cidades foi impactada pelas atuais condições migratórias nos Estados Unidos. Segundo relatos, há torcedores que deixaram de se deslocar para a Flórida por receio de cruzar fronteiras estaduais devido a sua situação legal no país.
— Muita gente da Filadélfia e de Washington, por exemplo, não veio para os jogos por questões migratórias. Isso acabou reduzindo o público que poderia ter comparecido— , afirma Marcelo.
Além de acompanhar as partidas, os torcedores também colaboraram com a organização de bandeiras, faixas e instrumentos musicais dentro dos estádios. Em alguns casos, os próprios representantes das embaixadas foram responsáveis por viabilizar a entrada desses materiais, devido à falta de familiaridade do clube com os procedimentos locais.
Essa mobilização tem ocorrido de maneira descentralizada, com colaborações entre torcidas organizadas e as embaixadas, como no caso da Califórnia, que contribuiu com instrumentos de percussão utilizados nos jogos do Mundial.
—Esse é um legado interessante que vai ficar nos Estados Unidos no pós-mundial — crê Marcelo.
Interesse regional
Embora ainda restrito, há indícios de que o Flamengo desperta algum interesse entre o público latino-americano que vive em Miami e parte do público local. Isso se deve, em parte, ao perfil do elenco rubro-negro — que costuma contar com jogadores de países vizinhos — e também ao desempenho do clube em torneios internacionais nos últimos anos.
— Alguns torcedores sul-americanos acabam adotando o Flamengo como um segundo time, por afinidade com os jogadores ou pelo histórico recente em confrontos internacionais— , observa Marcelo.
Independentemente do resultado no Mundial, o Flamengo reforça, nos EUA, a presença de uma torcida ativa e bem organizada. O modelo de embaixadas tem funcionado como ponto de encontro e também como meio de manter o vínculo de torcedores com o clube, mesmo longe do Brasil.
Morador dos EUA há 20 anos, Rodrigo Barros explica o sentimento do torcedor com essa acolhida.
— A organização das embaixadas nos Estados Unidos, pra gente que mora fora, é tudo, é ter um pouquinho do Maracanã em casa, porque a gente sente muita falta de ter aquele ambiente de torcida, de amizade, E desde que eu moro lá, nunca teve essa organização, né? Aí quando os caras começaram a realmente investir, fez uma diferença boa — conta.
O desafio, segundo os próprios integrantes, é ampliar a conexão institucional com o clube e fortalecer o suporte logístico para que a presença fora do Brasil seja mais do que simbólica — e possa, de fato, integrar a estratégia do Flamengo no exterior.
This news was originally published on this post .
Be the first to leave a comment