Em busca da segunda vitória, Brasil enfrenta Rússia na Copa do Mundo de Roller Derby; conheça o esporte

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Quando o relógio marcar 10h30 (horário de Brasília) deste sábado, atletas e torcedores aguardarão a contagem regressiva de cinco segundos para a partida entre Brasil e Rússia, pela Copa do Mundo de Roller Derby. O evento mais importante do esporte de patins, que acontece na Áustria, se prepara para encerrar a fase inicial e partir para as eliminatórias ainda neste sábado. Conheça o torneio e o esporte.

Praticado majoritariamente por mulheres, mas que conta também com pessoas transmasculinas e não-binárias no elenco de atletas, o roller derby surgiu nos Estados Unidos na década de 1930. Inicialmente como uma competição com prêmios em dinheiro para quem conseguisse dar mais voltas na pista e posteriormente transformado em um esporte coletivo focado na violência entre os participantes como forma de se tornar atrativo para o público, na década de 1960.

Sustentado por um mecenas, os times foram encerrados em 1973, mas três décadas depois, a equipe Texas Roller Derby surgiu como a primeira liga a resgatar o esporte, só admitindo mulheres na modalidade. Naquela época, o roller derby era praticado em um bowl, similar ao modelo do skate park, mas o crescimento da popularidade e das praticantes do esporte aumentou consideravelmente nas últimas décadas.

As mudanças não demoraram a vir, e a principal delas foi o que permitiu o maior acesso à prática. A adoção de uma pista oval, desenhada com marcações oficiais em uma quadra lisa, diminuiu consideravelmente as barreiras para a prática do esporte, e muitas ligas adotam ginásios poliesportivos como seu local de treinamento — embora ainda exista a prática na pista inclinada.

Seleção brasileira de roller derby disputa a Copa do Mundo na Áustria — Foto: Eliane Matos/@rollerderbyclicks
Seleção brasileira de roller derby disputa a Copa do Mundo na Áustria — Foto: Eliane Matos/@rollerderbyclicks

É nesse formato que a arena em Innsbruck, a 480km da capital austríaca Viena, sedia o torneio. O jogo é dividido em dois períodos de 30 minutos, divididos em pequenos intervalos chamados de jams, que podem durar até dois minutos. São cinco jogadoras de cada equipe na pista quando a disputa está em andamento: quatro bloqueadoras e uma pontuadora, chamada de jammer, que tem como objetivo é passar pela barreira adversária (wall) e dar uma volta completa na pista. A cada adversária ultrapassada, ela marca um ponto para sua equipe.

O roller derby é um esporte de contato, e o jogo de corpo faz parte da estratégia. A jammer pode tentar driblar a barreira ou tentar forçar a passagem pelo meio dela usando o próprio corpo, mas nem todo contato é válido. Há uma extensa lista de faltas, como bloquear usando as pernas ou atingir a parte do meio das costas das jogadoras, que causam uma penalização de 30 segundos para a infratora. As atletas podem ser expulsas da partida se cometerem sete infrações ou tiverem uma atitude antidesportiva, que leva à ejeção direta.

Para garantir o andamento da disputa, árbitros ficam em diferentes pontos da quadra, e podem ou não estar de patins, a depender da função. Os refs, juízes patinadores, ficam dentro e fora da pista, marcando a pontuação das jammers e as faltas de todas as atletas. Já os NSOs (árbitros sem patins, na sigla em inglês) se dividem em tarefas como a marcação do tempo de jogo e de punições, além de registrar a pontuação das equipes.

Todas essas regras são definidas pela WFTDA, a associação mundial que estabelece as regras do Roller Derby. Apesar de amador, o esporte exige dedicação intensa dos adeptos, que se desdobram para conciliar a vida pessoal e profissional com os treinos. No Brasil, há atualmente sete ligas ativas em três estados: Sugar Loathe Roller Derby e Avas Roller Derby, no Rio de Janeiro; Blue Jay Rollers, de Curitiba; Capivaras Roller Derby, de Piracicaba; Gray City Rebels e Ladies of Helltown, de São Paulo; e Thunder Rats Derby Squad, de Santos. Em 2022, todas elas se uniram para formar a seleção que disputa esta Copa do Mundo.

Bárbara Serrachioli, atleta das Avas e da seleção brasileira, dá mais detalhes do processo de composição da seleção.

— As jogadoras interessadas em participar foram analisadas em campeonatos e jogos específicos, resultando na escalação para o time de treino. A partir dos treinos que fizemos durante o último ano, terminamos na escalação oficial das 20 jogadoras.

Para o torneio, as atletas lançaram campanhas nas redes sociais para arrecadar fundos e conseguir custear a viagem para a Áustria. Elas não conseguiram patrocínios e precisaram pagar do próprio bolso as despesas com passagens aéreas e acomodação.

— Infelizmente, o roller derby no mundo todo não conta com muito apoio. Não conseguimos nenhum patrocínio para essa campanha da Copa. Arrecadamos certa verba, mas não foi possível pagar a viagem completa de nenhuma das atletas. Algumas deixaram de fazer a viagem, outras fizeram campanhas de arrecadação pessoais, mas todas tiveram gastos bem altos com a viagem — conta Bárbara.

Mariana Periald, a Periódio, em ação durante a Copa do Mundo de roller derby — Foto: Eliane Matos/@rollerderbyclicks
Mariana Periald, a Periódio, em ação durante a Copa do Mundo de roller derby — Foto: Eliane Matos/@rollerderbyclicks

A quarta edição da Copa do Mundo quebrou recordes ao contar com 48 equipes participantes. Os times, no entanto, fogem à regra de outras competições e podem ser compostos por atletas de diferentes nacionalidades. Na estreia, na quinta-feira, o Brasil derrotou o Vietnã por 288 a 112, e as adversárias contavam com atletas estadunidenses, mas de ascendência vietnamita, que se juntaram para representar suas origens na competição.

A segunda partida da seleção brasileira, na sexta, foi contra as West Indies. O grupo é formado de atletas de diferentes países do Caribe, que derrotaram a seleção brasileira por 255 x 57. Para Bárbara, a diferença física em relação às adversárias pesou durante a partida. Mesmo assim, ela avalia como positiva a partida para as atletas brasileiras, que ficaram “felizes com o fato de não desistirmos e permanecendo dando o melhor que tínhamos”.

Neste sábado, as 10h30 (de Brasília), 15h30 no horário local, o Brasil duela com o time da Rússia, Babushka. Para a próxima fase, só oito equipes avançam, e neste momento a seleção brasileira está fora da disputa, já que saiu derrotada na segunda partida. Um ranking organizado pela competição, que leva em conta não só as vencedoras mas também o placar das partidas, decide as classificadas às quartas de final e os confrontos.

Conhecendo o nível das adversárias e a dificuldade da Copa do Mundo, o objetivo da seleção brasileira era terminar a fase inicial com uma boa colocação no ranking. Para as atletas, esta é uma oportunidade de trazer mais visibilidade para o esporte e atrair mais participantes para a modalidade.

— Acredito que essa seleção seja uma nova fase do roller derby brasileiro. Esse é um time muito novo, em que apenas quatro jogadoras já tinham jogado uma Copa do Mundo. Além de evoluirmos como atletas e levarmos um desenvolvimento maior para nossas próprias ligas, pretendemos permanecer com a seleção brasileira continuamente e não apenas no período de Copa. Assim, isso vai ser uma meta e objetivo para diversas atletas do país — conclui Bárbara.

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