Morte de Maradona: advogada revela discussão após descoberta de que juíza estrelava documentário sobre o caso

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Os gritos, discussões, brigas e outros segredos foram revelados por Mariana Parbst, uma advogada vinculada à Suprema Corte de Justiça da província de Buenos Aires que foi designada como secretária do Tribunal Oral em matéria Criminal (TOC) nº 3 de San Isidro, responsável pelo julgamento, e que ontem declarou como testemunha no processo que investiga se a juíza Makintach cometeu algum crime ao participar, com papel principal, na produção do documentário Justiça Divina, projeto audiovisual que pretendia contar detalhes do julgamento através do olhar da magistrada questionada.

“Sei que houve várias discussões entre eles, por diferentes razões, embora eu não as tenha presenciado, mas aconteciam entre os intervalos, e se ouviam gritos, eles discutiam. Desconheço os motivos exatos, mas havia discussões entre eles”, declarou Parbst.

A testemunha acrescentou: “Se acontecia algum incidente, [os juízes] se retiravam para deliberar e eram discussões acaloradas; depois, não soubemos os motivos pelos quais discutiam tanto. Ou quando íamos cumprimentá-los após o término das audiências e subíamos para cumprimentar, mas ao ouvir gritos ou brigas entre eles, íamos embora sem cumprimentar. Era uma situação desconfortável”.

Parbst também revelou as “pressões” de Makintach para que lhe atribuíssem a “direção” do julgamento, e não apenas o papel de “vogal” — que não é o relator do processo. “O juiz Savarino (responsável pela presidência do tribunal) me disse que ela afirmou que, se não lhe desse a direção do julgamento, levaria o tema à Suprema Corte por meio de uma petição”, lembrou.

A testemunha falou sobre se os outros dois juízes sabiam da produção do documentário “Justiça Divina”. “Ninguém sabia do documentário, eles ficaram pasmos, não tinham ideia da existência do documentário. Eles não me deram detalhes do que conversaram com Makintach, apenas disseram que expressaram que o que aconteceu não estava correto e que ela referiu que era algo de uso pessoal, caseiro. Desconheço o conteúdo da conversa”, afirmou.

Quando os representantes do Ministério Público Fiscal perguntaram à testemunha se ela sabia que uma policial havia avisado algum funcionário do tribunal sobre uma pessoa que filmou parte da primeira audiência do julgamento, Parbst afirmou não saber. E garantiu que, se tivesse sabido, teria informado os juízes.

“Soube disso quando se tornou pública a declaração da policial sobre o incidente ocorrido no primeiro dia com um sujeito (o cinegrafista Jorge Huarte) que filmava com uma câmera. No primeiro dia do julgamento eu não tinha conhecimento”, declarou.

Entenda a polêmica

Atualmente, a investigação está a cargo dos promotores de San Isidro Carolina Asprella, Cecilia Chaieb e José Amallo. O julgamento anterior foi suspenso no final de maio, com o objetivo de investigar se uma das três juízas do caso, Julieta Makintach, colaborou com a entrada de câmeras nas audiências para a produção de um documentário sem a aprovação das partes. Ela renunciou ao cargo.

As acusações foram negadas. A “ideia futura” era, na verdade, escrever um “livro” ou fazer uma “publicação nas redes sobre seu perfil profissional”, e não tinha “nenhuma referência ao julgamento em si”, disse a pessoa envolvida na produção audiovisual, que se apresentou como amiga da magistrada.