
Enquanto alguns dos principais escritórios de advocacia do Brasil duelam na Justiça nas ações entre John Textor, o Botafogo e a Eagle Football Holding (EFH), a disputa nos tribunais ganhou reforço de bastidores: duas consultorias de peso em finanças. De um lado, a Meden Consultoria, contratada pela SAF alvinegra. Do outro, a Alvarez & Marsal (A&M), a serviço da Eagle.
Há alguns meses, a SAF do Botafogo contratou a Meden para analisar sua situação financeira. A empresa mergulhou nos números do clube-empresa e, com acesso prévio ao balanço antes da divulgação oficial, elaborou um relatório entregue em 4 de agosto.
O documento teve como base as demonstrações auditadas das últimas três temporadas e um balancete analítico até junho de 2025. Entre os resultados, consta que o Botafogo precisará desembolsar R$ 969,5 milhões nos próximos anos em contratações de jogadores — sendo R$ 625,8 milhões já no curto prazo, dentro de um ano. Por outro lado, há R$ 1,293 bilhão a receber no mesmo período, dos quais R$ 1 bilhão viria da Eagle e dos clubes da rede. A holding, no entanto, afirma não reconhecer tamanha dívida.
O relatório também aponta que, com passivo circulante superior ao ativo circulante, a SAF pode não ter recursos suficientes para honrar obrigações de curto prazo, o que representaria “risco à continuidade das operações do clube”.
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Demissões por cortes de gastos
Nesse contexto, ocorreu a demissão de Erasmo Damiani, diretor das divisões de base, contratado há apenas cinco meses. Oficialmente desligado na quinta-feira passada, o movimento foi visto internamente de maneiras distintas. Há uma ala da SAF que admite que a ideia foi reajustar os gastos, enquanto outra alega que o salário do profissional não era tão alto e que outro dirigente terá de ser contratado para o cargo. Ainda assim, a dispensa foi lida por membros do Botafogo como um reflexo do “cobertor curto” da SAF, que pode acabar exigindo ajustes também no futebol profissional.
Ainda assim, dirigentes próximos à gestão defendem que a ênfase dada no relatório da Meden — e anexada em processos judiciais — faz parte da estratégia jurídica para reforçar a tese de que a Eagle deve pagar valores que o Botafogo diz ter direito a receber.
Do outro lado da mesa, a Alvarez & Marsal foi contratada pela Eagle para examinar as transações financeiras e empréstimos feitos entre a SAF, a empresa londrina e os clubes da rede multiclubes. Assinado como um “Financial Advisory”, o contrato tem como objetivo básico entender como foram feitas as movimentações de “caixa único” que tinha a holding.
A presença de Fred Luz, ex-dirigente de Flamengo e Corinthians e sócio da consultoria, chamou atenção. Segundo relatos, John Textor acredita que Luz teria interesse em assumir a SAF caso a Eagle consiga afastá-lo do comando. Pessoas próximas ao Botafogo, contudo, avaliam que não há essa intenção e que a A&M está apenas cumprindo o trabalho pelo qual foi contratada: destrinchar as finanças da relação entre Botafogo e Eagle.
A ideia da EFH é, após a Alvarez & Marsal finalizar o relatório de análise das transações, juntar o documento nos processos que correm na justiça para se defender das acusações de que não pagou os empréstimos feitos pela SAF.
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