
Disputa de bola em São Paulo x Palmeiras. Foto: Marcello Zambrana/AGIF
O clássico entre São Paulo e Palmeiras, válido pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, terminou com vitória alviverde por 3 a 2. No entanto, o resultado ficou em segundo plano diante da enorme polêmica envolvendo a arbitragem de Ramon Abatti Abel e o VAR de Ilbert Estevam da Silva. A repercussão foi tamanha que ambos foram afastados pela CBF, que reconheceu ao clube do Morumbi que houve erros na condução da partida.
Apesar das reclamações, a CBF não divulgará os áudios do VAR referentes aos lances questionados. A decisão levantou dúvidas entre torcedores e dirigentes tricolores, que aguardavam uma explicação pública após os episódios controversos no MorumBIS.
Reclamações do São Paulo
Logo após o apito final, dirigentes do São Paulo entraram em contato com Samir Xaud, presidente da entidade, para relatar uma série de jogadas que, segundo o clube, mudaram o rumo da partida. Entre os principais lances contestados estão:
- Um carrinho de Allan em Gonzalo Tapia dentro da área palmeirense, quando o placar ainda marcava 2 a 0 para o Tricolor;
- Uma falta de Gustavo Gómez em Tapia na origem do primeiro gol do Palmeiras;
- E entradas duras de jogadores como o próprio Gómez, Raphael Veiga e Andreas Pereira, que poderiam, na visão são-paulina, resultar em expulsões diretas.
Mesmo com todos esses episódios, Ramon Abatti Abel não consultou o monitor do VAR em nenhum deles, o que acabou sendo determinante para a decisão posterior da CBF.
Por que os áudios não serão divulgados
De acordo com o protocolo oficial da Confederação Brasileira de Futebol, os áudios do VAR só são divulgados quando há uma revisão de campo, ou seja, quando o árbitro principal é chamado pelo vídeo e decide consultar o monitor para reavaliar o lance.
Como nenhum dos lances polêmicos de São Paulo x Palmeiras foi revisado dessa forma, a CBF informou que não há material público a ser compartilhado, mantendo os áudios restritos ao seu Fórum Permanente de Arbitragem, espaço interno criado para esclarecimentos entre clubes e a Comissão de Arbitragem.
Na prática, isso significa que o São Paulo poderá ouvir as comunicações do VAR, mas somente em ambiente privado, dentro desse fórum. A divulgação ao público, portanto, não ocorrerá.
Opiniões e análises
Para Carlos Eugênio Simon, ex-árbitro e comentarista dos Canais Disney, o erro mais evidente foi justamente o pênalti não marcado em Tapia.
“Pênalti claro e não marcado para o São Paulo. Allan escorrega e acerta Tapia. Sem querer é falta, e dentro da área é pênalti. O árbitro não marcou, o VAR não interveio, e isso é um erro grave”, avaliou Simon.
A análise reforça o argumento do São Paulo, que chegou a divulgar nota oficial e cobrar medidas da CBF após o clássico. Na mesma linha, outros analistas apontaram inconsistências na atuação de Abatti Abel e destacaram a falta de critério na aplicação de cartões.
Afastamento dos árbitros e reação da CBF
Diante da repercussão, a CBF decidiu afastar Ramon Abatti Abel e Ilbert Estevam da Silva. Em comunicado, a entidade informou que ambos serão “condicionados a aprimoramento técnico”, expressão que, na prática, significa um período fora das escalas das principais competições nacionais.
O afastamento foi interpretado nos bastidores como uma admissão indireta de falhas. Segundo apuração da ESPN, a CBF teria reconhecido que o São Paulo tem razão em parte das reclamações apresentadas, embora tenha evitado mencionar publicamente quais lances foram considerados equivocados.
Súmula com protestos e ofensas
A súmula da partida também revelou o clima tenso após o apito final. O árbitro relatou ofensas verbais por parte dos dirigentes Carlos Belmonte e Rui Costa, que, segundo ele, o abordaram no túnel de acesso aos vestiários.
“Filma ele, a vergonha, ele aí. O VAR não veio”, teria dito Belmonte, de acordo com o documento.
Rui Costa, por sua vez, teria proferido xingamentos e foi igualmente citado pelo árbitro.
Ambos foram identificados pelo delegado da partida, o que pode gerar sanções disciplinares posteriores.
Clássico quente e virada alviverde
Dentro de campo, o clássico foi digno de sua tradição. O São Paulo chegou a abrir 2 a 0, mas viu o Palmeiras reagir e virar o jogo com gols de Vitor Roque, Flaco López e Ramón Sosa, em uma atuação marcada pela intensidade e pelas polêmicas.
A vitória manteve o Verdão na briga direta pelo título do Brasileirão, enquanto o Tricolor saiu de campo revoltado com a arbitragem e prometendo cobrar providências.
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