
Bap, presidente do Flamengo, no Mundial Sub-20. (Foto: Adriano Fontes/Flamengo)
O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, foi categórico ao afirmar que não há qualquer possibilidade de o clube romper com a Libra. A entidade que organiza a venda coletiva dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro do grupo que o Rubro-negro faz parte.
Em reunião realizada na noite desta terça-feira, na sede da Gávea, o dirigente reafirmou o compromisso do clube com o contrato vigente até 2029. Ainda que tenha feito duras críticas à gestão e às regras do bloco.
Durante o encontro do Conselho Deliberativo, Bap participou de uma apresentação conduzida por Marcelo Campos Pinto, representante rubro-negro na Libra, que detalhou aos conselheiros os principais pontos de divergência entre o Flamengo e o grupo. O presidente interveio em momentos pontuais, reforçando a posição do clube e deixando claro que não há espaço para rompimentos.
— Zero chance de o Flamengo pedir desfiliação da Libra. Vamos conviver com esse contrato até 31 de dezembro de 2029, e eles vão conviver com o Flamengo até essa data — afirmou Bap.
O contrato foi assinado em 2024, durante a gestão de Rodolfo Landim, antecessor e atual desafeto político de Bap. O acordo define como será a distribuição das receitas de transmissão entre os clubes da Libra. O grupo é formado por Palmeiras, São Paulo, Santos, Bragantino, Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Vitória, Remo, Paysandu, Volta Redonda, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa, Brusque e o próprio Flamengo.
A divisão das receitas segue três critérios principais:
- 40% igualitário: valor dividido igualmente entre os clubes da Série A;
- 30% performance: pagamento de acordo com a posição final no Brasileirão;
- 30% audiência: distribuição proporcional à audiência em TV aberta, fechada e pay-per-view.
O ponto de maior discordância está justamente no critério de audiência. O Flamengo alega que a fórmula definida pela Libra é incompleta e imprecisa, já que depende de aprovação unânime dos clubes para ser validada. Segundo o clube, o modelo atual é incalculável e carece de transparência.
Ação judicial e bloqueio de R$ 77 milhões
Diante das divergências, o Flamengo decidiu recorrer à Justiça. Depois disso, obteve uma liminar que bloqueou o repasse de R$ 77 milhões referentes a parcelas que seriam distribuídas pela Libra aos clubes. O Rubro-Negro sustenta que foi o único prejudicado financeiramente pelo acordo e, por isso, buscou a medida judicial como forma de garantir seus direitos.
A decisão gerou forte reação dos demais clubes do bloco, que acusaram o Flamengo de agir de maneira isolada e de não buscar diálogo interno. A Libra divulgou nota oficial afirmando que o estatuto da entidade não é omisso quanto aos critérios de divisão e que o clube estaria disseminando informações incorretas.
Por sua vez, o Flamengo respondeu alegando que o estatuto da Libra é, sim, omisso. Além de afirmar que faltam detalhamentos sobre como calcular a audiência em cada plataforma de exibição. O clube defende que as regras deveriam ser mais claras e atualizadas conforme o cenário de consumo atual, que envolve diferentes meios de transmissão e plataformas digitais.
Trocas de farpas e ambiente político tenso
O clima entre os dirigentes da Libra ficou ainda mais acirrado após declarações públicas. A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, chegou a comparar a postura do Flamengo à de “terraplanistas”. Bap não respondeu diretamente à provocação, mas rebateu de forma indireta ao questionar o empréstimo de R$ 80 milhões feito pela Crefisa ao Vasco, empresa presidida pela própria Leila.
Durante a reunião, Bap afirmou que o Flamengo continuará dentro da Libra, mas exigirá que o contrato seja respeitado em todos os seus termos. O presidente reforçou que o clube vai permanecer no grupo até o fim do acordo, mas não deixará de cobrar correções e ajustes na divisão das receitas.
Crise institucional e próximos passos
Nos bastidores, a crise entre Flamengo e Libra é vista como um dos maiores desafios da estruturação do novo modelo de liga do futebol brasileiro. A disputa jurídica e política pode atrasar negociações futuras de direitos de TV e comprometer a unidade entre os clubes.
Ainda assim, o Flamengo mantém sua posição firme: não sairá da Libra, mas também não aceitará critérios considerados injustos. O clube quer participar das decisões de forma mais ativa e busca um modelo que reflita seu peso esportivo e comercial dentro do futebol nacional. Com o contrato válido até 2029, a tendência é que o Flamengo siga pressionando por mudanças internas.
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