
Red devils ganhariam força no mercado

©IMAGO
Vencer a Liga Europa pode significar bem mais do que conquistar um troféu para o Manchester United: além de ser, naturalmente, um objetivo desportivo, pode ser vista também como uma necessidade estratégica para a equipa orientada por Ruben Amorim. Afinal, a entrada direta na Liga dos Campeões da próxima temporada pode ser o argumento decisivo que faltava aos red devils para atrair reforços e convencer jogadores de topo a rumarem a Old Trafford. O mercado vai mexer para os lados de Manchester no próximo verão, mas pode mexer ainda mais caso o United leve para casa a segunda Liga Europa da sua história. Um feito que não só proporcionaria mais um troféu europeu ao museu do clube, mas que também, e acima de tudo, funcionaria como o ponto de viragem para um novo ciclo.
Um passaporte para a Champions… e para um mercado mais ambicioso
A qualificação direta para a fase de grupos da Liga dos Campeões seria, por si só, uma proeza digna de registo, ainda para mais na época de estreia de Amorim em Manchester, onde chegou já com a temporada em andamento. Para um clube da dimensão do United, estar fora da elite europeia torna-se quase insustentável, tanto do ponto de vista financeiro como competitivo. A vitória na Liga Europa asseguraria essa qualificação para a Champions, sem o clube estar dependente do desfecho de uma Premier League onde as coisas não têm corrido bem: a formação orientada por Amorim ocupa, ao dia de hoje, um dececionante 14.º lugar no campeonato inglês, longe dos lugares europeus.
Mais do que isso, no entanto, a presença na Champions é vista como um critério decisivo para jogadores de topo, que pretendem, naturalmente, estar nas grandes competições, como é o caso da prova mais importante da UEFA. O United corre o sério risco de ver alvos de mercado optarem por projetos mais consolidados ou igualmente ambiciosos, mas com presença europeia garantida, caso não vença a Liga Europa e garanta o bilhete para a Liga dos Campeões. Até porque, vale lembrar, a participação na Champions representa também a entrada de dezenas de milhões de euros em prémios. Numa altura em que as regras do fair play financeiro impõem limites, muitas vezes, difíceis de contornar, esse rendimento extra poderia ser a diferença entre trazer alguns reforços cirúrgicos ou fazer contratações de peso tendo em vista o reforço do plantel para 2025/26. Além disso, ajudaria o United a equilibrar um orçamento que tem sido fortemente penalizado por más decisões desportivas nos últimos anos.
Vencer para recomeçar
Amorim chegou a Old Trafford com ideias novas, uma abordagem diferente em muitos aspetos e, dentro de campo, uma identidade tática muito própria, que ainda não foi totalmente aceite em Inglaterra. Para que o projeto do técnico português ganhe tração, porém, é necessário competir com os melhores desde o primeiro dia, e a Champions é a montra ideal para que isso aconteça. Conquistar a Liga Europa é, por isso mesmo, um passo fundamental para o início de uma nova era em Manchester.
Logicamente que a Liga Europa não tem o mesmo prestígio da Champions. Para um clube tão instável como tem sido o United nos últimos anos, contudo, vencer um troféu internacional significaria também ganhar uma ambição renovada, restaurando confiança aos jogadores, à equipa técnica e, claro, aos adeptos.
Posto isto, o Manchester United tem tudo a ganhar com a Liga Europa. Vencer a prova pode ser a chave para reabrir portas, restaurar ambições, acelerar um processo de transformação que tarda em acontecer e voltar aos tempos gloriosos que fizeram deste um dos maiores clubes do mundo e da história do futebol.
O caminho (e os obstáculos) até à glória
Numa temporada na qual as dificuldades se têm acumulado para Amorim, a possibilidade de conquistar a Liga Europa começou a ganhar força depois de, na última quinta-feira, os red devils terem eliminado o Lyon – orientado pelo também português Paulo Fonseca -, nos quartos de final, numa eliminatória que promete ficar para a história. As duas equipas empataram (2-2) no encontro da primeira mão, tendo proporcionado um verdadeiro espetáculo na segunda e derradeira vez que se defrontaram, desta feita em Manchester, numa partida que o United venceu por 5-4 e que teve emoção até final, com cinco golos no prolongamento e o triunfo dos ingleses a ser carimbado somente à passagem do minuto 121, com um golo do herói improvável Harry Maguire.
Para levarem o troféu para Manchester, contudo, os pupilos de Amorim terão ainda dois obstáculos pela frente. O primeiro será o Athletic Bilbao, adversário do United nas meias-finais, sendo que o vencedor desta eliminatória defrontará na final – que, curiosamente, será disputada no estádio da equipa espanhola – quem levar a melhor no duelo entre os ingleses do Tottenham e os noruegueses do Bodø/Glimt. A glória europeia pode não apagar todas as cicatrizes da época, mas poderia ser o ponto de partida de um novo Manchester United. A conquista da Liga Europa significaria o fim de um ciclo negativo e o início de uma nova era em Old Trafford. Com Amorim ao leme.
This news was originally published on this post .
Be the first to leave a comment