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A Liberty Media assinou com a Globo, e a Fórmula 1 voltará a ser transmitida pela emissora de 2026 a 2028. Entre fanáticos do automobilismo, há quem reclame da opção feita pela companhia desde o anúncio, no último sábado. E por quê? Pois a proposta apresentada pelo canal seria inferior, financeiramente e no número de corridas transmitidas na televisão aberta, às ofertas feitas por Record e Bandeirantes.
Talvez a controvérsia ocorra por falta de entendimento sobre o negócio, então é aqui que me meto. Não sem antes publicar os números que deram origem aos burburinhos, com crédito: Julianne Cesaroli, colunista do UOL, escreveu que o contrato da Globo é de US$ 8 milhões, com 15 corridas exibidas na TV aberta. A Band pagaria US$ 10 milhões, e a Record daria US$ 13 milhões, ambas com os 24 eventos transmitidos.
Primeiro, adianto que as propostas não têm valores totalmente fixos. Parte delas funciona com divisão de receitas — o famoso revenue share —, ou seja, as emissoras precisam ir ao mercado publicitário captar anunciantes para então repartir o faturamento com a Liberty. A proposta da Globo está estimada em US$ 8 milhões, mas pode render mais ou menos, no fim das contas. As outras também. Elas são incertas.
Segundo, a dimensão dos números ajuda a entender a decisão. Quanto a Liberty fatura com a Fórmula 1? US$ 3,2 bilhões, com “bê” de buzina, em 2024. Direitos de transmissão correspondem a 33% desse valor, isto é, a US$ 1,05 bilhão na temporada. Digamos que a diferença financeira entre as propostas, no final, seja essa mesma: de US$ 5 milhões entre Globo e Record. Isso representa 0,5% da receita com televisão.
Quando a Liberty vai ao mundo vender a Fórmula 1 para emissoras, ela se preocupa com duas coisas: dinheiro e promoção do automobilismo. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, ela quer faturar mais, então vende os direitos para canais por assinatura. No Brasil, a prioridade é espalhar a modalidade via canais gratuitos. A companhia tinha 11 contratos com TVs abertas, 13 com fechadas e 27 acordos híbridos em 2024.
E é aí que faz diferença fechar com a Globo. A transmissão dela dá mais audiência. Não só em São Paulo, onde Record e Band ainda conseguem pontuar no Ibope, mas no país todo. É o painel das 15 principais capitais, o PNT, que fala mais alto. Além disso, não se trata só da corrida e do pódio. A Globo coloca a Fórmula 1 no Jornal Nacional, no Globo Esporte, na Ana Maria Braga. A diferença de exposição é enorme porque inclui a grade.
A Fórmula 1 — como todas as modalidades que não o futebol —, precisa se esforçar ao máximo para manter a relevância no Brasil. No país da monocultura esportiva, em que só um esporte tem garantia de cobertura midiática, prática nas escolas e pela molecada, entre outros fatores, há uma disputa por tempo no cotidiano das pessoas. Por parte do automobilismo, do vôlei, do basquete, do tênis.
A escolha da parceira não é trivial a ponto de considerar só dois fatores: o número de corridas na TV aberta e o valor arredondado das propostas. Ela inclui a posição do automobilismo entre o público hoje e daqui a cinco, dez anos. Ela considera o mercado de mídia do país e suas particularidades, a posição financeira da Liberty, o tamanho do contrato no negócio. Se é para ter controvérsia, não me oponho. Mas vamos qualificar o debate?
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